Estudo revela que nove em cada dez consumidores optam por garrafas com cápsulas
A cápsula, geralmente interpretada como um elemento puramente funcional dentro da tampa, tinha sido deixada de fora da análise enológica e comercial. Para avaliar o seu verdadeiro impacto, o Grupo Crealis lançou um estudo científico que examinou a forma como este componente modifica a perceção do consumidor numa perspetiva emocional, visual e semântica.
O projeto, desenvolvido pela empresa de consultoria SenseCatch, integrou metodologias de análise biométrica - eye-tracking e bio-tracking - com entrevistas qualitativas e provas comparativas, permitindo uma leitura completa da relação entre o consumidor e a garrafa encapsulada.
Trinta consumidores regulares de vinho, com idades compreendidas entre os 25 e os 50 anos e responsáveis pelas compras no seu agregado familiar, participaram numa simulação de compras num corredor de vinhos. Foram-lhes apresentadas garrafas de vinho tinto e de vinho espumante de uma marca fictícia, com e sem cápsula, a fim de isolar o impacto visual da tampa das outras variáveis.
Após a observação biométrica, foram efetuadas entrevistas e degustações para avaliar a perceção associada a cada formato. A análise incluiu uma revisão da linguagem utilizada para descrever cada tipo de garrafa, incorporando assim uma dimensão semântica que reforçou a interpretação dos resultados.
Cápsula traz valor acrescentado e orienta a escolha
O estudo chegou a uma conclusão clara: nove em cada dez consumidores preferem uma garrafa com uma cápsula, tanto para os vinhos de mesa como para os vinhos espumantes. Para estes últimos, a escolha do formato encapsulado é praticamente automática.
A presença de uma cápsula está associada à arrumação, à proteção, à qualidade e a um acabamento mais profissional. De acordo com a análise, estes elementos aumentam a perceção de valor e legitimam a qualidade do conteúdo. Por outro lado, a ausência de uma cápsula gera dúvidas, diminui o apelo visual e reduz a credibilidade do produto na prateleira.
Os resultados mostram que a cápsula não deve ser considerada apenas como um componente funcional, mas como um fator determinante na experiência de compra. Ela condiciona a primeira impressão, orienta a decisão final e afeta diretamente o posicionamento percebido do vinho.
Para os responsáveis pelo estudo, estas conclusões abrem um campo de ação estratégico para as adegas e produtores: a cápsula revela-se como uma ferramenta de comunicação silenciosa, capaz de transmitir identidade, qualidade e diferenciação num mercado altamente competitivo. O seu papel, até então secundário, posiciona-se assim como um eixo fundamental na construção do valor percebido e da coerência visual do produto.
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