Num contexto global marcado por instabilidade e pressão regulatória, a inteligência artificial emerge como ferramenta essencial para reforçar a resiliência das cadeias de abastecimento. Segundo a Sphera, 95% das empresas já estão a adotar estratégias proativas para mitigar riscos e antecipar disrupções - um movimento que está também a transformar o setor alimentar.
A cadeia de abastecimento alimentar está a atravessar um dos períodos mais desafiantes das últimas décadas. As consequências da guerra na Ucrânia, as oscilações nos custos energéticos, as alterações climáticas e as novas exigências de sustentabilidade estão a obrigar as empresas a repensar por completo as suas operações. Para Paul Marushka, CEO da Sphera, esta é também uma era de oportunidades - uma fase em que a inteligência artificial (IA) se afirma como catalisador de uma transformação profunda.
“As cadeias de abastecimento estão a ser redefinidas não apenas pela volatilidade, mas pela inovação”, afirma o responsável, que acrescenta que “as empresas mais visionárias estão a usar esta fase de incerteza para construir modelos mais ágeis, diversificados e transparentes”.
Risco, transparência e velocidade: os novos pilares
De acordo com um estudo recente da Sphera, que envolveu 200 executivos de procurement e supply chain nos EUA e no Reino Unido, 73% das empresas sofreram disrupções nas suas cadeias de fornecimento no último ano - com impacto direto em receitas, confiança dos investidores e crescimento.
Como resposta, 95% dos inquiridos estão já a adotar medidas para reforçar a resiliência, nomeadamente explorando novas geografias, diversificando fornecedores e aumentando a visibilidade dos dados ao longo da cadeia.
No setor alimentar, onde o controlo rigoroso da origem, segurança e qualidade dos produtos é crítico, estas medidas são particularmente relevantes. A rastreabilidade em tempo real, a monitorização do risco climático nas colheitas ou a avaliação automática da conformidade de fornecedores estão a tornar-se práticas comuns, impulsionadas pela IA.
Inteligência Artificial: de dados a decisões
O desafio, segundo Paul Marushka, não está em reconhecer o risco, mas sim em responder com rapidez e confiança. Avaliar fornecedores, compreender novos mercados e manter dados de auditoria atualizados exige precisão e agilidade - capacidades que a IA vem potenciar.
A Sphera desenvolveu modelos de IA generativa capazes de produzir resumos de risco de fornecedores em menos de 60 segundos, combinando pontuações ponderadas e inteligência proprietária. Esta tecnologia permite aos gestores identificar vulnerabilidades, priorizar ações corretivas e transformar potenciais disrupções em oportunidades de melhoria contínua.
“Com as ferramentas certas é possível converter complexidade em clareza, risco em resiliência e mudança em vantagem competitiva”, sublinha o CEO.
Implicações para a indústria alimentar
Para as empresas do setor alimentar - onde a dependência de matérias-primas críticas e cadeias globais complexas é elevada -, a adoção de ferramentas de IA pode significar a diferença entre a paragem de produção e a continuidade operacional.
A capacidade de antecipar falhas de fornecimento, otimizar rotas logísticas, reduzir desperdícios e garantir conformidade regulatória é hoje uma vantagem competitiva decisiva.
Além disso, a IA está a contribuir para uma nova cultura de gestão baseada em dados, em que a informação em tempo real permite decisões estratégicas mais seguras e sustentáveis - desde o campo até à fábrica.
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