Resíduos de plástico na UE continuam elevados apesar do aumento da reciclagem

A produção de resíduos de embalagens na União Europeia continua em níveis elevados, com cada cidadão a gerar, em 2023, 35,3 quilos de resíduos de plástico, dos quais apenas 14,8 quilos foram reciclados, segundo dados do Eurostat. Apesar de uma ligeira redução face ao ano anterior, os dados do Eurostat revelam que o volume total de resíduos continua acima dos valores de há uma década, colocando a indústria alimentar e a dos plásticos perante o desafio de acelerar a transição para modelos mais circulares e sustentáveis.

O setor das embalagens continua no centro das atenções na União Europeia. Segundo os mais recentes dados do Eurostat, em 2023 cada europeu gerou, em média, 35,3 kg de resíduos de embalagens de plástico, dos quais 14,8 kg foram reciclados. Embora se tenha registado uma ligeira descida face a 2022 — menos 1 kg por habitante —, os números mantêm-se acima dos valores de há uma década, refletindo os desafios persistentes para a indústria alimentar e de plásticos.

No total, a UE produziu 79,7 milhões de toneladas de resíduos de embalagens, o equivalente a 177,8 kg por pessoa, menos 8,7 kg do que em 2022, mas ainda 21,2 kg acima do valor registado em 2013. Estes dados reforçam a importância das estratégias de redução, reutilização e reciclagem que estão a moldar o futuro das embalagens — especialmente no setor alimentar, onde o plástico continua a ser essencial para garantir segurança e conservação.

Papel e cartão dominam, mas o plástico mantém papel essencial

O plástico representou 19,8% de todos os resíduos de embalagem produzidos em 2023, ficando atrás do papel e cartão (40,4%), mas à frente do vidro (18,8%), madeira (15,8%) e metal (4,9%). Apesar da pressão regulatória e das mudanças de consumo, o plástico mantém-se indispensável na indústria alimentar, pela sua versatilidade, leveza e propriedades de barreira.

Entre 2013 e 2023, a quantidade de resíduos de embalagens plásticas aumentou 6,4 kg por pessoa, mas a quantidade reciclada também cresceu 3,8 kg per capita, sinal de que os esforços de circularidade começam a surtir efeito. A taxa média de reciclagem de embalagens plásticas na UE atingiu 42,1% em 2023, acima dos 38,2% registados há dez anos.

Europa a várias velocidades

As diferenças entre Estados-Membros continuam marcantes. Bélgica (59,5%), Letónia (59,2%) e Eslováquia (54,1%) lideram em taxa de reciclagem de plásticos, enquanto Hungria (23,0%), França (25,7%) e Áustria (26,9%) permanecem no fim da tabela. Estas disparidades refletem o grau de maturidade das infraestruturas de recolha e tratamento, bem como a implementação desigual das políticas de responsabilidade alargada do produtor (RAP).

Pressão e oportunidade para a indústria

A conjugação entre exigências regulamentares mais rigorosas, como o Regulamento Europeu dos Materiais de Embalagem e Resíduos de Embalagem (PPWR), e a procura crescente por soluções sustentáveis está a acelerar a transformação do setor.

Para a indústria alimentar, o desafio passa por conciliar segurança alimentar, eficiência logística e sustentabilidade, enquanto os produtores de plásticos e embalagens enfrentam a necessidade de inovar em materiais recicláveis, biodegradáveis e com menor pegada de carbono.

O caminho da circularidade

O Eurostat sublinha que, apesar dos progressos, a redução efetiva da produção de resíduos continua a ser o principal desafio. A aposta em design ecológico, sistemas de recolha mais eficientes e integração de materiais reciclados será determinante para alcançar as metas ambientais da União Europeia.