O setor da restauração enfrenta uma transformação digital acelerada. A pandemia revelou a necessidade de adoção de tecnologia, mas muitos restaurantes portugueses continuam pouco digitalizados.
Em Portugal, menos de 5.000 dos mais de 55.000 restaurantes têm sistemas de reservas online. A adoção de menus digitais, QR codes e pagamentos sem contacto está numa fase embrionária, apesar dos consumidores mostrarem abertura à inovação. A National Restaurant Association indica que mais de metade dos clientes tem preferência por pedidos e pagamentos digitais. Nos Estados Unidos as vendas digitais representam já cerca de 40% do total e cresceram 300% mais rápido do que as vendas presenciais desde 2014, contribuindo para processos mais ágeis, maior rotação de mesas e menor dependência das constantes faltas de 'staff'. No Reino Unido, 68% dos consumidores preferem pagamentos contactless e encomendas digitais, um número impressionante!
Plataformas de gestão integrada permitem centralizar encomendas provenientes da sala, do 'take-away' ou de aplicações de entrega, atualizando o menu em vários canais e evitando que o 'staff' tenha de gerir vários dispositivos. Esta unificação de pedidos reduz erros e melhora os tempos de preparação. A nível global, o mercado de soluções digitais para a restauração foi avaliado em 7,6 mil milhões de dólares em 2023 e deverá atingir 20,1 mil milhões em 2030, com um crescimento anual de 14,9 %. Para além de reduzir o esforço, a centralização de pedidos gera dados sobre volumes e horários que permitem ajustar stocks e turnos, contribuindo para uma gestão mais eficiente e uma experiência mais consistente para o cliente.
A digitalização também promove a sustentabilidade. A União Europeia desperdiça 60 milhões de toneladas de alimentos por ano e Portugal desperdiça 1,8 milhões. Sistemas de gestão de stocks monitorizam datas de validade e ajustam compras, reduzindo quebras. Além disso, as quebras decorrentes de prazos de validade expirados podem rapidamente ser transformadas em promoções que atraem novos clientes.
A digitalização na restauração não se resume a gadgets e aplicações, mas toca também a reestruturação do serviço em torno da conveniência, eficiência e proximidade. Portugal continua atrasado na adoção de reservas e encomendas online, mas o mercado global mostra que o investimento em tecnologia traz retorno. E os restaurantes que abraçarem estas ferramentas irão destacar-se num mercado cada vez mais digital.
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