O setor logístico em Portugal mantém-se resiliente e com intenções claras de investimento em 2025, apesar de um contexto económico e operacional mais desafiante. Esta é uma das principais conclusões do 'Logistics Confidence Index Portugal', estudo desenvolvido pela CBRE, consultora líder no setor. O estudo, agora divulgado, mostra que o índice de confiança dos operadores caiu ligeiramente para os 51,7% – menos 2,5% do que em 2024 –, mas confirma que o setor continua a demonstrar uma atitude proativa e orientada para o crescimento.
Apesar da descida ligeira do índice de confiança e do ambiente de negócios mais desafiante, a maioria dos operadores continua a acreditar no crescimento da sua atividade. Esta aparente dualidade pode ser explicada pelo facto de estarmos perante um setor que, embora mais complexo, continua a ser atrativo e com elevado potencial de retorno.
A expansão das operações continua a fazer parte das intenções dos operadores, mas de forma mais seletiva e ancorada em análise de dados. Cerca de metade dos participantes do estudo (51%) manifesta a intenção de aumentar a capacidade de armazenamento, dando especial relevo à localização estratégica. A região da Grande Lisboa mantém-se, sem surpresa, como o principal “hub” logístico do país, destacando-se como o polo mais atrativo para a expansão e consolidação da atividade logística.
Para Nuno Torcato, diretor Industrial e Logística da CBRE Portugal, “apesar dos desafios a nível internacional, a verdade é que Portugal continua com fundamentais que dão confiança aos operadores, incluindo o crescimento da penetração do e-commerce, o elevado número de entidades que querem desenvolver projetos industriais no nosso país ou o próprio crescimento do retalho, com diversos novos players a entrar com força no nosso país”.
Esta limitação de espaço disponível originou uma escalada consecutiva nos preços das rendas. Desde o início da pandemia até à data, o preço prime por m² em Lisboa subiu 50% e, no Porto, o aumento foi de 70%.
No entanto, a escassez de disponibilidade não levou a um recuo da dinâmica comercial. O take-up de 2024 foi praticamente um ano recorde, com 427 mil m² arrendados no território nacional e, nos primeiros dois trimestres do ano, regista-se uma dinâmica francamente positiva, esperando-se crescimentos significativos face ao período homólogo do ano anterior.
Segundo Nuno Torcato, “o primeiro semestre de 2025 foi bastante positivo, com vários negócios relevantes, como foram os arrendamentos da Go Logistics no VGP Park Sintra, da IsKayPet no Logplace ou da HomyCasa no Panattoni Park Valongo, em que a CBRE esteve envolvida, o que resulta num volume de take-up para estes primeiros seis meses do ano em linha com o take-up do primeiro semestre do ano anterior. Toda esta atividade no primeiro semestre resultou na ocupação da maioria dos projetos que estavam disponíveis, pelo que a taxa de disponibilidade está neste momento em cerca de 1-2% nas zonas logísticas de Lisboa e Porto, o que poderá colocar pressão acrescida nas rendas nos próximos meses e criar mais dificuldades às entidades que têm necessidade de novos espaços”.
Entre os fatores estruturais que continuam a impulsionar o setor, o estudo destaca a expansão do e-commerce, a crescente procura por maior eficiência de custos e a modernização das infraestruturas logísticas. Estes vetores estão a redefinir os critérios de decisão do setor, com uma clara valorização da localização, da flexibilidade contratual e da certificação ESG no momento de selecionar ativos.
A reorganização das cadeias de abastecimento, a aposta em modelos flexíveis e tecnologicamente preparados, bem como a integração de soluções sustentáveis, são agora prioridades críticas para garantir competitividade e atratividade no mercado nacional e internacional.
Nota metodológica
O 'Logistics Confidence Index Portugal 2025' baseia-se nas respostas de um inquérito realizado entre 28 de abril e 24 de maio de 2025 a operadores logísticos de referência. As conclusões do estudo foram apuradas antes da recente escalada de tensões no Golfo Pérsico, pelo que não refletem eventuais impactos destes desenvolvimentos geopolíticos.
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