Nova embalagem flexível 100% reciclável com elevado desempenho para alimentos frescos e transformados

O centro tecnológico ITENE desenvolveu novos materiais para embalagens flexíveis monomaterial, 100% recicláveis e biodegradáveis, a partir de diferentes substratos celulósicos e de poliolefinas. Estas soluções apresentam também propriedades melhoradas de barreira e selabilidade, especificamente concebidas para aplicações no setor alimentar, como carnes, produtos de conveniência e snacks.

Novas estruturas flexíveis à base de papel e de poliolefinas, facilmente recicláveis, obtidas por técnicas de revestimento, para aplicações agroalimentares.

A investigação destas soluções foi desenvolvida no âmbito do projeto SUSFLEX, financiado pelo Instituto Valenciano para a Competitividade Empresarial (IVACE+i) através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), e realizado entre junho de 2024 e 2025. Para o efeito, foram utilizadas diferentes tecnologias convencionais de aplicação de revestimento, como a rotogravura ou a flexografia, nas soluções desenvolvidas com base em substratos poliolefínicos, bem como técnicas de aplicação de revestimento sem contacto, através de equipamentos de revestimento por extrusão e revestimento por extrusão, utilizados em soluções baseadas em papel.

“O projeto SUSFLEX concebeu estruturas de camadas sequenciais de revestimentos para melhorar as propriedades finais — como propriedades de barreira, barreira ultravioleta e selabilidade — de embalagens flexíveis baseadas em substratos celulósicos e poliolefinas, como o polietileno e o polipropileno, com o objetivo de obter soluções monomateriais facilmente recicláveis e eliminar as camadas metalizadas”, explica Rafael Sánchez, gestor técnico do projeto no ITENE. A formulação de termoplásticos biodegradáveis e a sua aplicação como revestimentos em substratos celulósicos foram igualmente incorporadas, com o objetivo de melhorar as propriedades de barreira e a selabilidade, mantendo a compostabilidade dos referidos substratos.

O projeto foi estruturado em duas linhas de ação principais. A primeira centrou-se na melhoria das propriedades finais dos materiais baseados em substratos celulósicos comerciais. Para o efeito, foram aplicados diferentes tipos de revestimentos de alta viscosidade e alto teor de sólidos, bem como técnicas de revestimento por extrusão com materiais termoplásticos. Por outro lado, a segunda linha de trabalho teve como objetivo a otimização de materiais baseados em poliolefinas comerciais (PP e PE). Neste caso, foram utilizados diferentes tipos de revestimentos por dispersão. O objetivo, em ambas as linhas, é fornecer soluções mais sustentáveis, que ofereçam boas propriedades de barreira e vedação, e que sejam também facilmente recicláveis ou biodegradáveis.

“No que diz respeito às aplicações de base poliolefínica, podemos contar com a colaboração efetiva das empresas para realizar o scale-up industrial e a validação de embalagens flexíveis monomaterial recicláveis para snacks, bases termoformáveis e filmes de cobertura para embalagens da gama V, bem como filmes de cobertura para tabuleiros de produtos cárneos, como carne picada e enchidos frescos e curados, com propriedades de barreira, resistência ao calor e características antiembaciamento, totalmente compatíveis com os tabuleiros monomaterial atualmente utilizados no setor”, destaca o investigador. No que respeita às aplicações à base de papel, os desenvolvimentos foram efetuados à escala piloto, nas instalações do ITENE, tendo sido obtidos materiais flexíveis com boas propriedades de barreira, tanto recicláveis por aplicação de slot die como compostáveis por revestimento por extrusão.