A revolução da embalagem sustentável deu mais um passo em frente com o projeto piloto da primeira tampa de papel em embalagem asséptica, desenvolvida pela Tetra Pak e lançada comercialmente pela marca espanhola Aneto Natural. Num contexto global marcado por restrições ao uso de plásticos, crescente consciência ambiental e pressão regulamentar, a inovação está a tornar-se uma necessidade. E, neste caso, também uma oportunidade.
A 'Paperização' - o processo de substituição de plásticos por materiais renováveis, como o papel - estabeleceu-se como uma tendência importante no mundo das embalagens. O relatório Tetra Pak Paperization Trends 2024 confirma este facto: os consumidores e os reguladores concordam com a necessidade de avançar para soluções mais limpas e responsáveis.
De acordo com a última pesquisa, 31% dos consumidores dizem que reciclariam mais se as embalagens fossem feitas inteiramente de papel cartão e 21% gostariam de embalagens feitas apenas de materiais renováveis. A perceção de que as embalagens de cartão são as mais sustentáveis está também a aumentar, reforçando esta orientação.
O objetivo é manter - ou melhorar - a funcionalidade: a tampa deve ser fácil de abrir, voltar a selar, ser resistente à humidade e ao transporte e cumprir os mesmos padrões que as tampas tradicionais.
Os primeiros protótipos foram submetidos a rigorosos testes laboratoriais, mas a verdadeira validação ocorre em condições reais: com o consumidor no ponto de venda.
A marca espanhola Aneto Natural, conhecida pelo seu compromisso ambiental, foi a primeira a trazer esta inovação para o mercado. Em 2021, incorporou polímeros à base de plantas derivados da cana-de-açúcar nas suas tampas e revestimentos, e agora vai mais longe com o projeto piloto da tampa de papel no seu caldo de vegetais orgânicos. “a sustentabilidade não é apenas um compromisso, faz parte do nosso ADN”, explica Joaquim Jiménez Santamaría, CEO da Aneto. “Queremos ser líderes em sustentabilidade e oferecer aos nossos clientes a melhor experiência possível”.
Com este teste, o conteúdo de papel na embalagem aumentou em 3%, atingindo agora 73% do peso total da embalagem, e a proporção de materiais renováveis atinge 87% quando são incluídos polímeros à base de plantas.
O potencial desta inovação é significativo. “Só na UE vendemos mais de 16 mil milhões de embalagens com tampas todos os anos”, afirma Aldo Fontana. “Imagine o impacto da redução da utilização de plástico, nem que seja numa fração desse valor.”
A mudança não é imediata. Como qualquer inovação desta escala, é necessário tempo para aumentar a produção e otimizar os processos. Mas a Tetra Pak está confiante de que se trata de um ponto de viragem. “Concentramo-nos na criação de soluções feitas exclusivamente a partir de materiais renováveis ou reciclados, de origem responsável e totalmente recicláveis”, conclui Fontana. "E este limite pode parecer pequeno, mas o seu impacto pode ser enorme".
A Tetra Pak e a Aneto estão convencidas de que esta mudança não é apenas tecnicamente viável, mas desejada por uma parte crescente do mercado. “Queremos mostrar o que é possível quando a inovação e os valores estão alinhados”, diz Joaquim Jiménez. E parece que estão a ser bem-sucedidos.
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