O Industrial and Logistic Transformation Portugal: the next stage, organizado em conjunto entre CBRE (consultora imobiliária), a GSE (operador de construção do setor imobiliário comercial) e a PLMJ (sociedade de Advogados) aconteceu no início do mês. Esta iniciativa promoveu uma discussão sobre o futuro do setor industrial e logístico em Portugal, incorporando a visão de mercado, bem como o enquadramento legal e a questão da construção e infraestruturas.
Nuno Torcato, responsável pela área Industrial e Logística da CBRE Portugal, foi um dos oradores desta conferência, que apresentou as tendências do mercado atual. Foram divulgados alguns indicadores, um dos quais o nível de take-up da área de Industrial e Logística, que em 2024 se situou em 443.000 m², representando um crescimento de 31% quando comparado com a absorção registada em 2023 de 337.000 m².
O orador situou também a renda média da logística em Lisboa de 5,30€/m² e no Porto em 5,40€/m², devendo-se o aumento recente das rendas à falta de oferta sentida neste setor.
Outro dos indicadores apresentados foi a disponibilidade que, em Lisboa se situa nos 2.68% do stock total e no Porto encontra-se abaixo de 1%. Estas percentagens deixam bem evidente a falta de produto disponível para ocupar, sobretudo quando as comparamos com a disponibilidade média de Madrid que ronda os 11% ou Barcelona que se aproxima dos 5%.
Finalmente, um estudo europeu da CBRE (European Investors Intentions Survey 2024) aponta que 34% dos investidores imobiliários consideram o setor logístico nas suas estratégias de investimento.
Já Andreia Mousinho, sócia coordenadora da área de urbanismo na PLMJ, destacou como um dos principais desafios encontrados nesta área a natureza obsoleta do parque industrial e logístico, bem como a falta de regulamentação/enquadramento para as novas soluções de indústria e de logística, como é o caso dos novos usos (exemplo: “self storage”). Com o objetivo de clarificar os procedimentos administrativos, que retraem o apetite dos investidores, Andreia Mousinho abordou ainda as principais alterações trazidas pelo decreto de lei 10/2024, tipicamente conhecido por “Simplex”. Entre outras medidas, estas vêm trazer um processo simplificado de reclassificação dos solos para atividades económicas. Também foram apresentadas algumas das alterações a nível da regulamentação do urbanismo e inclusive do ambiente, que são aplicáveis a loteamentos industriais e de logística.
Tiago Martins Leite, pre-development director da GSE, partilhou diversos insights nomeadamente ligados à grande transformação que o mercado logístico atravessa atualmente em Portugal: o património construído está datado; o enquadramento legal é pesado, moroso e pouco ágil; em contraponto, os investidores continuam a demonstrar muito interesse pelo setor, e procuram tendencialmente projetos diferenciados, pela qualidade e pela introdução de medidas e soluções cada vez mais sustentáveis.
A GSE, através do Guilherme Schweder, trouxe ainda alguns exemplos internacionais de armazéns multinível, sendo este um tipo de infraestrutura que ainda não se encontra em Portugal, contudo revela-se uma solução com enorme potencial para um futuro a médio-longo prazo.
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