O objetivo do projeto LIFE Brewery é demonstrar uma solução integrada inovadora e facilmente replicável para recuperar subprodutos da indústria cervejeira, como ingredientes de rações para aquacultura.
Neste contexto, uma equipa formada por investigadores do centro tecnológico Azti, membro do Basque Research and Technology (BRTA), e do Instituto de Investigação e Tecnologia Agroalimentar (IRTA), no âmbito do projeto europeu Life Brewery, analisou o efeito da introdução de subprodutos da cerveja (levedura e bagaço) como ingrediente para a alimentação da truta arco-íris de aquacultura.
“Testámos diferentes formatos dos subprodutos, tanto secos como hidrolisados, e comparámo-los também com as propriedades nutricionais da levedura comercial seca e hidrolisada”, explica David San Martín, especialista da Azti e coordenador da investigação.
O resultado deste trabalho, que se baseia na ideia de uma economia circular e na revalorização dos resíduos da produção cervejeira, foi que os peixes alimentados com rações feitas com 20% de levedura, 15% de bagaço e apenas 15% de farinha de peixe cresceram de forma semelhante aos alimentados com rações comerciais, sem afetar a sua qualidade e saúde. “Estes subprodutos industriais podem ser uma boa fonte para reduzir a utilização de ingredientes de origem animal na aquacultura, reduzir consideravelmente os custos de produção e aumentar a sustentabilidade de ambos os setores, uma vez que também permitirão à indústria cervejeira livrar-se de dois dos principais resíduos da sua produção”, acrescenta o especialista da Azti.
O centro tecnológico Azti, no âmbito do projeto europeu Life Brewery, analisou o efeito da incorporação de resíduos da indústria cervejeira na alimentação da truta arco-íris criada em explorações de aquicultura.
Milhares de toneladas de subprodutos alimentares são produzidos diariamente na Europa e acabam por se tornar resíduos devido à falta de soluções para a sua reutilização. No caso do sector cervejeiro, são gerados anualmente mais de oito milhões de toneladas de subprodutos ricos em matéria orgânica: sete milhões de toneladas de bagaço e um milhão de toneladas de levedura.
“O bagaço e a levedura da produção de cerveja são ricos em proteínas e fibras, bem como em lípidos minerais, vitaminas e outros compostos bioativos. Também foi demonstrado que são digeríveis”, afirma David San Martín.
Graças a projetos como o Life Brewery, os especialistas da Azti estimam que pelo menos 75% dos subprodutos gerados pela indústria cervejeira europeia poderiam ser utilizados como ingredientes de rações e substituir os de origem animal, cuja produção implica um custo económico e um impacto ambiental mais elevados.
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