Talleres Filsa, S.A.U.
Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa
Descobrem a utilização de espécies em perigo de extinção, como o Thunnus thynnus, atum juvenil comercializado como anchova, e a pescada-de-angola, Merluccius polli, ainda não regulamentada como espécie de substituição

Fraudes na rotulagem de peixe congelado

04/09/2023
Depois de analisar o ADN de 401 amostras de atum, pescada, anchova e verdinho congelados, os investigadores da Universidade de Oviedo constataram que em 1,9% dos casos o peixe correto não estava indicado no rótulo. A percentagem pode parecer pequena, mas revela a utilização de espécies em perigo de extinção e a pesca ilegal, especialmente nos bancos de pesca africanos.

Cientistas da Universidade de Oviedo revelaram uma fraude intencional em produtos do mar provenientes de bancos de pesca atlânticos, como a pescada e o atum, muito consumidos na Europa e no mundo. O estudo foi publicado na revista Scientific Report.

Para realizar a investigação foi analisado, através de testes PCR e sequenciações de DNA, um total de 401 amostras de quatro tipos de peixe congelado: atum (Thunnus alalunga, T. albacares, T. obesus), pescada (Merluccius merluccius, M. hubbsi, M. capensis, M. paradoxus), anchova (Engraulis spp.) e verdinho (Micromessistius poutassou). Foi também efetuado um inquérito junto de 1608 pessoas sobre as preferências como consumidores.

Imagen

Os resultados detetaram uma rotulagem incorreta (indicando a espécie errada) em sete amostras, 1,9% do total de amostras analisadas. Especificamente, 0% no caso do verdinho; 2,4% na anchova; 4,17% na pescada; e 5,2% no atum.

Em termos de origem, cinco dos 11 produtos rotulados incorretamente foram capturados ao largo da costa africana (desde o sudeste ao nordeste do Atlântico), quatro em águas europeias (nordeste do Atlântico e mar Egeu) e dois não indicavam a informação geográfica.

De acordo com os autores, embora estes dados mostrem que a taxa de rotulagem incorreta é quantitativamente baixa (menos de 2%), a implicação qualitativa é, no entanto, importante porque revela a utilização de espécies em perigo de extinção ou não regulamentadas, apontando para a pesca ilegal em águas africanas.

Os investigadores apontam três conclusões relevantes: um risco acrescido de rotulagem incorreta em produtos irreconhecíveis, uma maior fraude nas espécies consideradas mais valiosas por parte do consumidor (através da colocação de “rótulos enganadores”) e, em terceiro lugar, a utilização de espécies em perigo de extinção, como o Thunnus thynnus, atum juvenil comercializado como anchova, e a pescada-de-angola, Merluccius polli, ainda não regulamentada como espécie de substituição.

A coautora, Alba Ardura Gutiérrez, explica que, apesar do grande esforço de rastreabilidade dos alimentos para garantir um consumo seguro e sustentável, a rotulagem incorreta ainda persiste nos mercados de produtos do mar.

Filetes de atum congelados, um dos peixes em que foi detetada fraude
Filetes de atum congelados, um dos peixes em que foi detetada fraude.

Uma fraude intencional

“Os nossos resultados indicam uma fraude intencional preocupante que impede o objetivo de produção e consumo sustentáveis destes produtos e sugerem que se dê prioridade aos esforços de controlo em espécies muito apreciadas”, afirma outra das autoras, Noemí Rodríguez, “afastando-nos assim do compromisso com a agenda 2030 da ONU, que apela à erradicação da sobrepesca, à restauração das populações de peixes e à eliminação da pesca ilegal, não declarada e não regulamentada”.

Ambas as investigadoras concordam que o estudo sublinha a importância de uma rotulagem correta porque, no final, “o consumidor pode estar a comprar uma pescada que considera de elevado valor por uma de menor valor e porque, além disso, estamos a explorar espécies em perigo de extinção ou não declaradas e a esgotar os bancos de pesca”.

Grupo da Aula de Investigação sobre Recursos Naturais (ARENA) da Universidade de Oviedo. Foto: UNIOVI

Grupo da Aula de Investigação sobre Recursos Naturais (ARENA) da Universidade de Oviedo. Foto: UNIOVI.

Autores da fraude por identificar

Quem está por trás desta fraude? O trabalho realizado pelo grupo ARENA da Universidade de Oviedo não se aventura a identificar os autores: "É difícil determinar se a fraude tem ou não origem na zona de captura. Não sabemos quem são os responsáveis. Seria necessária uma investigação mais aprofundada na origem", refere Ardura.

O projeto deste grupo é fruto da colaboração com colegas do continente africano com quem começaram a trabalhar há alguns anos. O primeiro resultado desta cooperação foi o projeto Oceanic Karma, que revelou a presença de contaminantes no peixe africano, provenientes de resíduos eletrónicos enviados para África pelas potências ocidentais.

REVISTAS

NEWSLETTERS

  • Newsletter iAlimentar

    03/11/2025

  • Newsletter iAlimentar

    27/10/2025

Subscrever gratuitamente a Newsletter - Ver exemplo

Password

Marcar todos

Autorizo o envio de newsletters e informações de interempresas.net

Autorizo o envio de comunicações de terceiros via interempresas.net

Li e aceito as condições do Aviso legal e da Política de Proteção de Dados

Responsable: Interempresas Media, S.L.U. Finalidades: Assinatura da(s) nossa(s) newsletter(s). Gerenciamento de contas de usuários. Envio de e-mails relacionados a ele ou relacionados a interesses semelhantes ou associados.Conservação: durante o relacionamento com você, ou enquanto for necessário para realizar os propósitos especificados. Atribuição: Os dados podem ser transferidos para outras empresas do grupo por motivos de gestão interna. Derechos: Acceso, rectificación, oposición, supresión, portabilidad, limitación del tratatamiento y decisiones automatizadas: entre em contato com nosso DPO. Si considera que el tratamiento no se ajusta a la normativa vigente, puede presentar reclamación ante la AEPD. Mais informação: Política de Proteção de Dados

www.ialimentar.pt

iAlimentar - Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa

Estatuto Editorial