Projeto 'Valorejet' foi promovido em parceria com o Politécnico de Leiria
Ceviche de choupa, paté de carapau fumado, lira desidratada, pastéis de serrão e mini-saia frito. Estes foram os produtos que resultaram do ‘Valorejet’, um projeto que pretendia avaliar o potencial de três espécies de peixe com baixo valor comercial (carapau-negrão, choupa e ruivos) e duas espécies de peixe rejeitadas (mini-saia e serrão-alecrim), cujo conhecimento biológico era baixo ou inexistente, e desenvolver produtos alimentares com base nessas espécies e com valor acrescentado e estratégias para a extensão de shelf-life de preparados de peixe fresco.
O projeto foi promovido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e o polo de Lisboa do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, em parceria com o Politécnico de Leiria, através do polo de Peniche do MARE, e com a colaboração das empresas transformadoras Nigel e Omnifish e o apoio da Cooperativa de Pesca Geral do Centro (Opcentro).
"As rejeições diminuíram cerca de 30% nos últimos 40 anos, no entanto, representam ainda 27 milhões de toneladas. Economicamente, traduzem perda de valor para a administração e pescadores e, em termos nutricionais, é uma importante fração de proteína que é desperdiçada. As rejeições resultam?do facto das várias artes de pesca apresentarem graus de seletividade diferentes podendo capturar?muito mais espécies do que aquelas que são alvo da pesca, resultando em valores elevadíssimos de outras espécies que são rejeitadas", explica a equipa do projeto.
Os resultados do ‘Valorejet’ demonstraram ainda que, entre as espécies de baixo valor comercial, o carapau-negrão é o que apresenta a melhor perspetiva de aproveitamento potencial como recurso futuro. Apresenta uma elevada abundância (cerca de 3.500 toneladas/ano), uma elevada fecundidade e uma taxa de crescimento moderada, fatores muito favoráveis a uma capacidade de resiliência da população.
Entre as espécies não comerciais e consequentemente rejeitadas, a mini-saia é a única que apresenta uma abundância significativa, o que, associada a uma elevada fecundidade, a faz afirmar-se como uma espécie com imenso potencial. O serrão-alecrim apresenta uma fecundidade e taxa de crescimento moderada, mas a sua fraca abundância faz com que não seja uma espécie recomendada pelos investigadores, em termos de exploração alternativa às espécies comerciais.
“Este projeto é um exemplo da importância da investigação na valorização dos recursos alimentares marinhos para uma utilização eficiente e sustentável, nomeadamente pela utilização de espécies sem valor comercial, no desenvolvimento de produtos alimentares com valor acrescentado”, considera Maria Manuel Gil, coordenadora do MARE – Politécnico de Leiria e investigadora responsável pelo projeto no Politécnico de Leiria.
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