Entre as transformações dos OAU estão, explica a Hardlevel, o HVO (do inglês hydrogenated vegetable oil, ou seja, óleo vegetal tratado com hidrogénio, uma das gerações mais recentes de biodiesel) e o SAF (sustainable aviation fuel, isto é, biocombustível de aviação).
Em Portugal, as estimativas oficiais apontam para uma produção de óleos alimentares usados que varia entre 43 mil a 65 mil toneladas anuais. O segmento doméstico será responsável por cerca de 62% dos OAU. No entanto, segundo a Hardlevel cerca de 60% desse desperdício tenha o esgoto como destino.
Ora, como explica a Hardlevel isto além de provocar o entupimento das canalizações vai contaminar os solos e as águas. Sem contar que “uma grande quantidade desemboca nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, dificultando e onerando ainda mais o processo”.
Apesar disso “têm existido progressos assinaláveis ao nível da recolha doméstica de OAU”. Salim Karmali, administrador e cofundador da Hardlevel, dá como exemplos os concelhos de Seixal, Lourinhã, Loures, Santo Tirso, Aveiro ou Almada, onde a recolha de OAU na rede cresceu a três dígitos nos últimos três anos, com subidas que oscilaram entre os 200 a 600%.
No entanto o empresário aponta a questão de os municípios avançarem a velocidades diferentes. As localidades que estão na “carruagem da frente” na reciclagem de óleos alimentares usados estão já a apostar concludentemente nos oleões inteligentes, que permitem dados, reporting, qualidade na gestão do resíduo e garantia de salubridade na via pública e, ainda, interação e sensibilização do cidadão para a reciclagem dos OAU.
Salim Karmali considera que é essencial a valorização destes OAU enquanto biocombustível, por forma a “alimentar as nossas deslocações quotidianas (através da utilização de biodiesel ou HVO), bem como dos voos comerciais (via sustainable aviation fuel) que realizamos em trabalho ou lazer”.
Equipados com dispositivos IoT (Internet of Things), os oleões Smart S+ da Hardlevel permitem, por um lado, detetar o nível de enchimento em tempo-real, prevenindo derrames na via pública, bem como eficiência logística e energética; por outro, através de uma app, os equipamentos possibilitam rastrear os depósitos de OAU feitos pelos munícipes, facultar digitalmente a sua localização, informar sobre a capacidade disponível em tempo real nos pontos de recolha, contabilizar a deposição de cada pessoa e atribuir pontos (greenpoints), que permitem o acesso a prémios.
Com sede em Vila Nova de Gaia e centros logísticos e de pré-tratamento noutros pontos do País (e também no estrangeiro), a Hardlevel – Energias Renováveis possui uma capacidade instalada de pré-tratamento de 50 mil toneladas anuais de OAU e 4,5 mil metros cúbicos de armazenagem instantânea, nos polos operacionais de Avanca e Palmela. E está a internacionalizar o modelo de gestão inteligente de óleos alimentares usados em Espanha e França.
A rede inclui mais de 100 municípios e dispõe atualmente de mais de 2.500 Oleões Smart S+ instalados, os quais, no dia-a-dia, servem estruturalmente cerca de 3,5 milhões de munícipes.
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