BF17 - iAlimentar

2025/3 17 Preço:11 € | Periodicidade: Trimestral | Julho 2025

PORTUGUÊS: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, ... ESPANHOL: Espanha, México, EUA, Argentina, Colômbia, Chile, Venezuela, Perú, ... ACEDA AO MERCADO LUSO-ESPANHOL DA INDÚSTRIA ALIMENTAR O GRUPO EDITORIAL IBÉRICO DE ÂMBITO INTERNACIONAL INTEREMPRESAS MEDIA - ESPANHA Tel. +34 936 802 027 comercial@interempresas.net www.interempresas.net/info INDUGLOBAL - PORTUGAL Tel. (+351) 215 935 154 geral@interempresas.net www.induglobal.pt

Jarvis España Polígono Industrial Polingesa Calle Farigola 28. 17457 Riudellots de la Selva Girona. España www.jarvisespana.es info@jarvisespana.es T 972 478 766 T (Sebastian Azzollini) +34 675 031 600 O modelo JHS é utilizado em presuntos ibéricos de cura prolongada e até em peixe congelado. O seu motor potente evita que encrave, mesmo nas crostas mais duras. O modelo JHSL é mais leve e é utilizado em produtos frescos e presuntos menos duros. Punho rotativo de 360º ajustável para um manuseamento cómodo. Desenhado, fabricado e testado em Middletown, Connecticut, EUA JHS & JHSL & RHSL Descortezadoras de presunto Gama de descortezadoras manuais pneumáticas Jarvis Potência. Rapidez. Redução de desperdício. Modelos disponíveis em várias profundidades: 1.5, 3.0 e 5.0 mm. O modelo JHS 200, com cabeçal mais estreito, é utilizado para cortes com formas complexas e é ideal para peças onduladas como cecinas (carne de vaca curada e seca ao estilo tradicional espanhol) e pernis, pois o seu tamanho permite uma melhor adaptação aos espaços mais estreitos das peças. O modelo RHSL funciona ao contrário.Foi especialmente concebido para eliminar de forma rápida e eficaz o recorte de tiras, redondos, traseiros, quartos traseiros, lombos, pálpebras e placas da cara das carcaças de porco. LÍDER MUNDIAL EM MÁQUINAS DE PROCESSAMENTO DE CARNE

4 Edição, Redação e Propriedade INDUGLOBAL, UNIPESSOAL, LDA. Defensores de Chaves, 15 3º F 1000-109 Lisboa (Portugal) Telefone +351 215 935 154 E-mail: geral@interempresas.net NIF PT503623768 Gerente Aleix Torné Detentora do capital da empresa Grupo Interempresas Media, S.L. (100%) Diretora Joana Peres Equipa Editorial Joana Peres, Gabriela Costa, Nina Jareño Marketing e Publicidade Frederico Mascarenhas redacao_ialimentar@interempresas.net www.ialimentar.pt Preço de cada exemplar 11 € (IVA incl.) Assinatura anual 44 € (IVA incl.) Registo da Editora 219962 Registo na ERC 127558 Déposito Legal 480593/21 Distribuição total +5.200 envios. Distribuição digital a +4.500 profissionais. Tiragem +700 cópias em papel Edição Número 17 – Julho de 2024 Estatuto Editorial disponível em https://www.ialimentar.pt/EstatutoEditorial.asp Impressão e acabamento Lidergraf Rua do Galhano, n.º 15 4480-089 Vila do Conde, Portugal www.lidergraf.eu Media Partners: Os trabalhos assinados são da exclusiva responsabilidade dos seus autores. É proibida a reprodução total ou parcial dos conteúdos editoriais desta revista sem a prévia autorização do editor. A redação da iALIMENTAR adotou as regras do Novo Acordo Ortográfico. SUMÁRIO ATUALIDADE 5 EDITORIAL 6 Cinco startups portuguesas conquistam lugar no EIT Food Seedbed Incubator 11 Tecnologia alimentar para desenvolver gorduras mais saudáveis e sustentáveis 12 Impacto do apagão elétrico de 28 de abril no setor industrial da carne 13 Incluir legumes desidratados no pão melhora as propriedades nutricionais 14 FIPA pede ao novo governo que reconheça a importância estratégica do setor 16 “A água que não chega hoje, é produção que se perde amanhã” 17 Frigicoll Portugal: A cadeia de frio em movimento rumo à sustentabilidade 18 Melhorar a transparência e a rastreabilidade no primeiro quilómetro da cadeia de abastecimento 22 Eficiência energética na indústria alimentar 26 Entrevista com Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh 28 Beyra D’Ouro Fresh otimiza processos e reforça controlo de produção com Sage X3 34 A importância da análise de risco no setor alimentar: direito, higiene e segurança no trabalho 36 bonÀrea promove RetornA, um sistema circular pioneiro para devolução de embalagens de carne 37 O inimigo invisível resistente que desafia a indústria alimentar 38 Método rápido que utiliza tecnologia de infravermelhos aumenta a segurança alimentar do atum 40 O impacto das alterações climáticas no setor agroalimentar 43 Especialista em... Alterações climáticas: impactos e respostas 50 Os números do investimento europeu apontam para o desenvolvimento do setor das proteínas alternativas 52 A IA irá transformar a relação das empresas de grande consumo com o canal de serviços alimentares 56 Mercado do filme de alta barreira para embalagem alimentar em ascensão 58 Segurança alimentar não é bom senso - é ciência aplicada à prevenção de riscos 60 O que é preciso para transformar uma indústria? 62 A segurança alimentar passa pelo digital 65

5 MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER ATUALIDADE ‘Empowering Women in Agrifood’ 2025 dá palco à inovação feminina no agroalimentar Dez mulheres e dez ideias promissoras juntam-se em Lisboa para transformar o setor agroalimentar. O programa 'Empowering Women in Agrifood’ (EWA) arranca com mentoria, formação e impacto. O programa europeu EWA – Empowering Women in Agrifood arrancou oficialmente em Portugal, com um evento de lançamento no dia 14 de julho, na Praça do Beato Innovation District, em Lisboa. Promovido pelo EIT Food e implementado pela BGI – Sustainable Ventures, o programa reúne dez empreendedoras com projetos inovadores nas áreas da alimentação, sustentabilidade e inovação. A sessão de abertura contou com intervenções da equipa do EIT Food e da BGI, seguidas por uma palestra de Filipa Jardim da Silva sobre os bloqueios que impedem ideias de sair da gaveta. O momento alto da tarde foi o 'matchmaking', onde cada empreendedora se conectou com mentoras de referência dos mundos da ciência, inovação e empreendedorismo. Durante os próximos meses, as participantes receberão mentoria personalizada, capacitação técnica e visibilidade internacional, culminando num ‘Demo Day’ onde competirão por prémios de 10.000 e 5.000 euros. As vencedoras poderão ainda representar Portugal no evento europeu ‘NEXT BITE’, em Varsóvia. As revistas iAlimentar e Agriterra são media partners desta edição do programa e acompanharão de perto esta caminhada. Em breve apresentaremos mais novidades, reforçando o compromisso com a valorização do talento feminino no setor agroalimentar. Passaporte digital para produtos da UE O Passaporte Digital de Produto está a emergir como uma ferramenta chave para melhorar a transparência e a sustentabilidade na indústria de embalagens e não só. A sua implementação irá simplificar a recolha, a gestão e o acesso à informação sobre produtos e embalagens, eliminando a necessidade de documentação em papel e facilitando a rastreabilidade dos materiais, de acordo com o boletim informativo da feira Interpack. O Passaporte Digital de Produto (DPP, na sigla em inglês) visa trazer clareza à indústria, tornando os dados sobre embalagens facilmente acessíveis. Durante anos, a gestão de materiais, a rastreabilidade dos produtos e a conformidade regulamentar foram desafios para a indústria. Com a digitalização abrangente da cadeia de abastecimento, este sistema permite o acesso a informações em tempo real, eliminando a necessidade de troca repetitiva de documentos físicos.

6 Lisboa acolhe a primeira edição da LogiPack, encontro estratégico da embalagem e logística De 21 a 23 de outubro de 2025, a Feira Internacional de Lisboa (FIL) será palco da 1.ª edição da LogiPack, um novo evento profissional que reúne toda a cadeia de valor da embalagem e logística, com forte aposta na inovação, sustentabilidade e criação de valor. A estreia da LogiPack em Lisboa promete marcar o calendário dos setores da embalagem e logística. De 21 a 23 de outubro de 2025, a FIL recebe empresas, decisores e especialistas num evento que combina exposição empresarial, conferências técnicas e uma plataforma de networking pensada para acelerar negócios e parcerias. Dirigida exclusivamente a profissionais com responsabilidade de decisão, a LogiPack 2025 destina-se a representantes de setores industriais alimentares e não alimentares cuja atividade depende de soluções eficazes de embalagem e logística para reforçar a sua competitividade. Posicionando-se como um espaço de encontro ibérico, a LogiPack nasce com o objetivo claro de dar visibilidade à excelência nacional, promovendo soluções inovadoras e sustentáveis que respondem aos desafios atuais da indústria. O programa inclui temas como novos materiais, transformação digital, eficiência operacional, impacto ambiental e o futuro da legislação europeia. Com presença de empresas de toda a fileira – do design ao pós-consumo, da produção de embalagens ao transporte – e com foco na geração de contactos qualificados, a LogiPack surge como resposta às exigências de um mercado cada vez mais atento à circularidade e à experiência do consumidor. Lisboa prepara-se, assim, para acolher um momento estratégico de reflexão e partilha sobre o futuro da embalagem e da logística — um espaço onde forma e conteúdo andam lado a lado. Faça a sua inscrição através deste QRCode. EDITORIAL Nunca foi tão desafiante alimentar o país como agora. O setor industrial está a atravessar uma fase de mudanças profundas, pressionado por regras cada vez mais exigentes, impulsionado pela tecnologia e a ser desafiado por consumidores mais informados. Hoje, já não chega apenas produzir; é preciso garantir a rastreabilidade dos produtos, reduzir o impacto ambiental e inovar com consciência. Nesta edição, a conversa com Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, é direta e clara: “Sem uma estratégia sólida, não há soberania possível.” O alerta é simples, mas poderoso — é preciso mais ambição política, menos burocracia e políticas públicas que estejam verdadeiramente alinhadas com a realidade dos produtores nacionais. Também a investigadora Manuela Pintado, do Centro de Biotecnologia e Química Fina da Universidade Católica Portuguesa, reforça esta mensagem: “A indústria está a transformar-se segundo os princípios da economia circular, apostando em cadeias de abastecimento mais curtas, a reduzir desperdícios e a reintegrar nutrientes.” Esta mudança não é só desejável, é essencial — e para isso, o investimento em investigação tem de ser contínuo, para que se encontrem soluções reais, eficientes e que tornem o setor mais forte e resiliente. Ao longo destas páginas, aprofundamos temas que são centrais para a indústria: cadeia de frio, rastreabilidade, segurança alimentar e, claro, o impacto das alterações climáticas. Deolinda Silva, da PortugalFoods; Patrícia Coelho, da InovCluster; e Vítor Alves, do Instituto Superior de Agronomia, avisam que esta crise climática pode ser uma oportunidade — para acelerar a adoção de tecnologias sustentáveis, valorizar de forma real os recursos disponíveis e avançar com a digitalização que há tanto se promete. Este é o tempo de decisões informadas. De investir com critério. De antecipar riscos. E de reforçar o que torna o setor alimentar português robusto: conhecimento, resiliência e inovação. A iAlimentar faz agora uma breve pausa, mas em setembro volta com o mesmo compromisso: alimentar conhecimento. Alimentar com futuro – da urgência à transformação

7 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER SIMPLIFICAMOS PROCESSOS ESCAMADORA-LIMPEZA DE PEIXE SETOR ALIMENTAR WWW.CRUELLS.NET TEL. +34 972 260531 ESCAMADORA-LIMPEZA DE PEIXE MÁQUINA DE DESOSSAR PRESUNTOS DESCASCADORA DE PRESUNTOS MÁQUINA DE CORTE PNEUMÁTICA GUILHOTINA PARA ALIMENTOS CONGELADOS NÃO RASGA, CORTA!

8 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER Equipamento ganhou o prémio ‘Red Dot: Best of the Best’ 2025 na categoria de veículos comerciais. A Jungheinrich anunciou que o seu seu stacker elétrico pedestre EJC 112i ganhou o prémio ‘Red Dot: Best of the Best’ 2025 na categoria de veículos comerciais. Trata-se da alta distinção na categoria do design de equipamentos, reconhecendo a excelente força inovadora e o design de excelência do EJC 112i. Como explica a empresa o equipamento impressionou com o seu design compacto e a tecnologia avançada de iões de lítio, que possibilita um alto desempenho e maior eficiência. Com uma capacidade de carga de 1.200 kg e uma altura de elevação de até 4.700 mm, o stacker elétrico pedestre estabelece novos padrões na movimentação de carga. Com 92 pontos de 100 possíveis no Red Dot Winner Points, o EJC 112i garantiu o desejado selo de qualidade pelo seu design pioneiro e qualidade. O EJC 112i oferece inúmeras vantagens que o tornam um produto excecional. Graças à sua capacidade de operar em corredores estreitos e à função de condução precisa, o EJC 112i é particularmente ágil e fácil de manobrar. O longo eixo de segurança garante uma distância suficiente entre o operador e o equipamento. O potente motor de tração AC trifásico e a hidráulica proporcional permitem elevações sensíveis e descidas em duas etapas. As opções disponíveis incluem um carregador integrado para fácil carregamento em uma tomada de 230 V e um display de 2 polegadas para mostrar o nível de carga da bateria, horas de operação e mensagens de aviso. Mercadona: compras a fornecedores nacionais aumentam 19% Principais apostas incidiram no leite e no azeite, no tomate e também no peixe de lota. A Mercadona anunciou ter comprado, no ano passado, 1.400 milhões de euros a fornecedores nacionais, mais 19% do que no ano anterior. Um volume de compras que, segundo a empresa, acompanha o seu crescimento e que garante o abastecimento das mais de 60 lojas da empresa em território nacional e também algumas do país vizinho. A empresa também referiu que, em cinco anos já aumentou em 500% o seu volume de compras, tendo passado de um investimento de 217 milhões de euros, em 2019, para os atuais 1.400 milhões de euros. Com uma significativa aposta, em 2024, foram compradas 38.000 toneladas de tomate, 22 milhões de litros de leite, 4.500 toneladas de queijo das várias regiões produtoras do país, e chegaram todos os dias às lojas mais 2.300 toneladas de peixe fresco de lotas nacionais. Números que se têm revelado não só um motor de desenvolvimento económico e social, como também, e sobretudo, uma aposta da empresa na diferenciação. Stacker elétrico pedestre EJC 112i da Jungheinrich ganha prémio

9 ATUALIDADE Fruit Attraction 2025: já pode garantir o seu passe De 30 de setembro a 2 de outubro, Madrid volta a ser o palco da inovação e negócio para o setor de frutas e legumes. A Fruit Attraction está de regresso com mais oferta, novos espaços e uma programação pensada para transformar o futuro do setor. A Fruit Attraction 2025 abre portas de 30 de setembro a 2 de outubro e promete superar as expectativas. Com mais de 2.200 empresas expositoras e uma área renovada de mais de 70.000 m² distribuída por 10 pavilhões, o evento reforça o seu posicionamento como o ponto de encontro global para os profissionais do setor hortofrutícola. Este ano, a feira apresenta dois novos pavilhões (12 e 14), uma nova setorização e acessos otimizados para tornar a experiência dos visitantes mais fluida e dinâmica. Na agenda, não faltam oportunidades para descobrir o que está a moldar o presente e o futuro do setor: o ‘Innovation Hub’ destaca as novidades mais disruptivas, enquanto os fóruns e congressos — como o ‘Biofruit Congress’ ou o ‘Fresh Food Logistics The Summit’ — reúnem especialistas e decisores de topo. A edição de 2025 destaca ainda o tomate como protagonista da iniciativa ‘Fresh&Star’, com ações especiais dedicadas ao produto, e recebe como países importadores convidados o México e a Malásia — reforçando a internacionalização e a criação de novas oportunidades de negócio. Se trabalha no setor das frutas e legumes, este é o lugar certo para criar ligações, inspirar-se e impulsionar o seu negócio. Os passes já estão disponíveis. Garanta o seu acesso e prepare-se para três dias intensos de inovação, conhecimento e networking. Mais informações em: www.ifema. es/fruit-attraction TRANSFORME A SUA LINHA DE FRUTAS E VERDURAS COM A G. MONDINI Neural® deteta defeitos visuais e frutas não conformes em tempo real, garantindo que cada embalagem esteja impecável antes de sair da linha. • Menos devoluções • Maior satisfação do cliente • Imagem de marca mais forte • Redução de desperdício • Redução de mão de obra • Calibração da fruta já embalada Pode identificar: mofo, frutas imaturas, rachaduras ou danos superficiais, magoados ou áreas afundadas, arranhões ou marcas de atrito, irregularidades de cor, resíduos vegetais ou florais. O sistema analisa cada bandeja e a categoriza conforme o estado da fruta:  Contacte-nos através de marketing@grupalia4punto0.com para mais informações | ✆ +351 913 131 567 Com defeitos e imperfeições, não apta para embalagem Ainda não atende aos padrões Madura e apta para o venda a retalho MALA 50.0% INMADURA 77.1% BUENA 74.7%

10 ATUALIDADE MAIS NOTÍCIAS DO SETOR EM: WWW.IALIMENTAR.PT • SUBSCREVA A NOSSA NEWSLETTER EFSA e AESAN reforçam a mensagem de confiança na segurança alimentar A EFSA e a AESAN lançam a campanha “Safe2Eat” 2025 para melhorar os conhecimentos dos consumidores europeus em matéria de segurança alimentar. A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e a Agência Espanhola para a Segurança Alimentar e Nutricional (AESAN) uniram forças pelo quinto ano na campanha 'Safe2Eat' em 2025, que reforça a confiança dos consumidores na segurança alimentar e que decorrerá em 23 países. Desta vez, tanto a EFSA como a AESAN e os seus parceiros nacionais em toda a Europa lançaram uma campanha com um “âmbito mais alargado e um forte compromisso de capacitar os consumidores com informação clara e cientificamente fundamentada sobre segurança alimentar”. A novidade para este ano é o alargamento da campanha a 23 países, contra 18 em 2024, o que “constitui um marco importante na sua missão de ajudar mais europeus a fazer escolhas alimentares confiantes”, afirmam. A campanha abordará as principais preocupações dos consumidores, como o papel da ciência na garantia da segurança alimentar, a importância de uma rotulagem clara e os benefícios da redução dos resíduos. Também se centrarão na melhoria da acessibilidade da informação sobre segurança alimentar através de “novos recursos de fácil compreensão adaptados a diferentes contextos demográficos e culturais”. O diretor executivo da EFSA, Bernhard Url, sublinha que “uma vez que os consumidores europeus estão a lidar com um panorama alimentar complexo, é essencial que se sintam capacitados para fazer escolhas informadas”. Auchan inaugurou unidade de produção alimentar Com investimento de cinco milhões de euros, a fábrica está preparada para produzir e abastecer todas as lojas Auchan de Norte a Sul do País. A Auchan Retail Portugal inaugurou a sua primeira Unidade de Produção Alimentar na Venda do Pinheiro, com um investimento de cinco milhões de euros e a criação de 61 postos de trabalho. Esta unidade abastecerá todas as lojas Auchan no país, produzindo refeições práticas, saborosas e diferenciadas. É a primeira do género da retalhista a nível mundial. A unidade oferece gastronomia portuguesa e pratos internacionais, incluindo opções veganas, vegetarianas e equilibradas. Com cerca de 1.900 m², produz sopas, refeições prontas, saladas, sandes, wraps, mini pizzas e sobremesas, focando-se na qualidade e variedade para diferentes estilos de vida. Os ingredientes são frescos, muitos provenientes de produtores locais, garantindo uma oferta adaptada a várias necessidades e momentos do dia. A Auchan reforça assim o compromisso com a produção nacional, emprego e desenvolvimento económico regional, procurando impacto positivo no retalho, nas pessoas e no planeta.

11 INOVAÇÃO O setor agroalimentar português volta a destacar-se no panorama europeu da inovação. Cinco startups nacionais foram selecionadas para integrar o EIT Food Seedbed Incubator 2025, um programa de referência que apoia o desenvolvimento de modelos de negócio sustentáveis no setor alimentar. Das cinco escolhidas, três são alumni de programas da BGI Sustainable Ventures, evidenciando o impacto crescente do ecossistema nacional de inovação na criação de soluções alimentares escaláveis, tecnológicas e sustentáveis. INOVAÇÃO NACIONAL EM DESTAQUE NA EUROPA As startups portuguesas selecionadas são: • PhycoFerm – Desenvolve ingredientes nutricionalmente ricos a partir de microalgas, com recurso a fermentação controlada por inteligência artificial, aproveitando subprodutos agroindustriais. Cinco startups portuguesas conquistam lugar no EIT Food Seedbed Incubator Portugal reforça protagonismo na inovação agroalimentar sustentável com cinco startups selecionadas para o programa europeu EIT Food Seedbed Incubator. Três dos projetos têm ligação direta à aceleradora nacional BGI Sustainable Ventures. • GreenCide – Criadora da EucaBio, um biopesticida natural à base de eucalipto, com elevada eficácia no combate a patógenos agrícolas. • MBP BioTech – Transforma resíduos marinhos e espécies subvalorizadas em proteínas, ómega-3 e ingredientes funcionais para a indústria alimentar e cosmética. • ChainReactor – Combina impressão 3D com machine learning para criar soluções biotecnológicas personalizadas e de alto valor. • HUMIVERSO – Aplica um processo de hiper fermentação para converter resíduos orgânicos em bioestimulantes naturais, promovendo a agricultura regenerativa e a economia circular. Para Gonçalo Amorim, CEO da BGI Sustainable Ventures, esta conquista reafirma o papel de Portugal como hub de inovação alimentar na Europa: “A presença de cinco startups portuguesas, incluindo três alumni da BGI, nesta prestigiada iniciativa europeia é um motivo de grande orgulho. É um sinal claro de que Portugal está a afirmar-se como líder em tecnologias sustentáveis no setor agroalimentar”. UM PROGRAMA EUROPEU DE REFERÊNCIA O EIT Food Seedbed Incubator é um programa europeu de pré-aceleração promovido pelo EIT Food – European Institute of Innovation and Technology. Durante seis meses, as equipas recebem apoio para validar as suas ideias junto do mercado e desenvolver modelos de negócio sustentáveis, com vista à sua escalabilidade na Europa. Desde a sua criação, o programa tem impulsionado centenas de startups agroalimentares, promovendo a inovação responsável e a sustentabilidade no setor. n SOBRE A BGI SUSTAINABLE VENTURES A BGI – Sustainable Ventures é uma aceleradora de inovação de referência na Europa, com foco nos setores agroalimentar, economia azul, mobilidade urbana e inovação digital. Desde 2010, tem apoiado centenas de empreendedores e investigadores, criando pontes entre ciência, mercado e sustentabilidade. Mais informações: www.bgi.pt

12 INOVAÇÃO Tecnologia alimentar para desenvolver gorduras mais saudáveis e sustentáveis A Ainia criou novas gorduras mais saudáveis e sustentáveis que preservam as qualidades das gorduras sólidas tradicionais. Este avanço permite substituir manteiga, óleo de palma e gorduras hidrogenadas por alternativas com melhor perfil nutricional e menor impacto ambiental, sem perder sabor, textura ou funcionalidade. O desenvolvimento de oleogéis proteicos tem sido uma das principais linhas de trabalho do projeto BOILÀ. Esta tecnologia permite transformar óleos vegetais líquidos, como o de girassol, em estruturas sólidas, utilizando proteínas como agentes gelificantes. O resultado são novas gorduras com textura semelhante à das sólidas convencionais e perfil nutricional mais saudável. Esta técnica evita a utilização de hidrocolóides, melhorando a rotulagem dos alimentos e respondendo à procura por ingredientes mais reconhecíveis. VALORIZAÇÃO DE SUBPRODUTOS PARA INGREDIENTES FUNCIONAIS Outra linha de investigação centrou-se na extração de oleossomas, estruturas naturais ricas em lípidos que se encontram em sementes oleaginosas. Foram utilizados subprodutos da indústria agroalimentar, como sementes de uva e abóbora, e técnicas como a prensagem a frio e a filtração por membrana. Os oleossomas são altamente estáveis e têm capacidade emulsionante natural, permitindo a sua incorporação direta nos alimentos, reduzindo o impacto ambiental. A terceira linha estudou a produção de lípidos a partir de microrganismos oleaginosos, conhecidos como Óleos de Célula Única (SCO). Gerados por fermentação, estes lípidos oferecem perfis funcionais e nutricionais semelhantes aos óleos tradicionais, com produção mais eficiente e sustentável. Podem ser desenvolvidos a partir de subprodutos industriais como fonte de carbono, reforçando o modelo de economia circular. INGREDIENTES MAIS SUSTENTÁVEIS Também se tem trabalhado no estabelecimento de linhas celulares de plantas capazes de produzir óleos de alta qualidade. Foram geradas culturas in vitro a partir de folhas e caules de oliveira em condições estéreis, abrindo novas possibilidades para a produção de lípidos sem recorrer à agricultura convencional. A última fase do projeto incluiu a validação das gorduras desenvolvidas num ambiente industrial real, com a colaboração de empresas da região de Valência, como a Postres Lácteos Romar e a Cárnicas Serrano. A sua participação foi fundamental para avaliar a aplicabilidade destas estruturas em diversos produtos e fornecer dados para futuras melhorias. n

13 ENERGIA Impacto do apagão elétrico de 28 de abril no setor industrial da carne Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) deu conhecimento das consequências imediatas e já identificadas deste incidente no setor industrial da carne. O impacto foi severo, especialmente considerando a natureza altamente perecível dos produtos e a automatização das operações. Esta foi a avaliação preliminar feita pela Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes (APIC) ao apagão registado no dia 28 de abril em Portugal. A Associação aponta que as linhas de abate, que operam de forma contínua e automatizada, ficaram paralisadas, resultando na rejeição de numerosas carcaças que se encontravam em linha, com números ainda por apurar. A par disso a produção de enchidos ficou comprometida, bem como a fatiagem e embalagem das peças de carne e produtos cárneos, resultando em rejeições muito avultadas. A tudo isto a APIC saliente ainda que que foi um dia em que as empresas tiveram de garantir o salário sem que houve produção e nem vendas e entregas. Outros pontos a ter em conta: • A maioria das unidades industriais não dispunha de geradores próprios nem conseguiu alugar equipamentos compatíveis com as suas necessidades energéticas, dada a elevada potência exigida; • Será necessário prolongar a semana de produção, prevendo-se abates fora dos dias habituais, com os consequentes encargos adicionais em horas extraordinárias; • Em muitos casos, não foi possível cumprir com as entregas aos clientes, resultando em penalizações contratuais. Segundo a APIC estima-se que, entre as 58 maiores empresas do setor, os prejuízos ascendam a valores entre os 50 mil e os 100 mil euros por empresa e, no caso das 63 pequenas e médias empresas associadas, as perdas estimadas situam-se entre os 10 mil e os 20 mil euros por empresa. Na totalidade, estima-se que as perdas ascendam os sete milhões de euros no setor industrial das carnes. A Associação afirma que “este episódio expõe de forma alarmante a perda de soberania de Portugal na produção de carne e a vulnerabilidade da indústria nacional face a perturbações energéticas. Lamentavelmente, não se prevê da parte da Administração Pública – nomeadamente da DGAV, ASAE e DGADR – uma atitude de colaboração ou apoio ao setor. Pelo contrário, assistimos frequentemente ao exercício de um controlo excessivo, desproporcionado e, em muitos casos, desprovido de bom senso, que coloca seriamente em causa a capacidade de investimento das empresas”. Face a isto a APIC apela a que o governo: • Crie mecanismos de apoio financeiro específicos, que permitam às empresas adquirir geradores compatíveis com as suas necessidades; • Impeça os fornecedores de energia de se eximirem à responsabilidade dos danos causados, uma vez que os prejuízos não são imputáveis às indústrias; • Promova um diálogo mais equilibrado entre autoridades competentes e o setor produtivo, que permita reforçar a resiliência e competitividade de uma atividade essencial para o abastecimento alimentar nacional, impondo-se a soberania nacional alimentar. n

14 ESTUDO Incluir legumes desidratados no pão melhora as propriedades nutricionais Um grupo de investigação do Instituto de Agroquímica e Tecnologia Alimentar (IATA) do CSIC, pertencente ao Ministério da Ciência, Inovação e Universidades (MICIU) espanhol, realizou um estudo que demonstra que incluir uma pequena quantidade de vegetais desidratados (2% da receita) na preparação de pão achatado tem efeitos positivos na textura, cor e, sobretudo, nas propriedades nutricionais. A investigação, publicada no International Journal of Food Science and Technology, revela que a inclusão destes ingredientes no pão afeta a digestão do amido, melhorando a resposta glicémica após a ingestão. O pão é um alimento fundamental na nossa dieta. Tem um lugar de destaque como fonte de nutrientes, acompanha outros alimentos e desempenha um papel central nos pequenos-almoços, almoços e jantares em todo o mundo. Mas a sua importância não se limita ao sabor ou versatilidade. O pão, especialmente as versões integrais e ricas em fibras, fornece hidratos de carbono complexos que libertam energia sustentada, essencial para uma dieta equilibrada. O LINCE, um grupo de trabalho do grupo Cereais e Produtos Derivados da IATA-CSIC, analisou a inclusão de legumes como espinafres, acelgas, beterrabas ou cebolas e o seu impacto nas propriedades dos pães achatados, um tipo de pão feito com massa estendida, sem massa fermentada ou levedura. O pão achatado é um dos pães mais antigos e mais consumidos no mundo, especialmente no Mediterrâneo. Além de ser um alimento básico, tem vantagens. Além de um processo de produção relativamente simples e rápido, existem muitas receitas diferentes em muitas culturas. INGREDIENTES NATURAIS, INOVADORES E SUSTENTÁVEIS O trabalho utilizou uma abordagem experimental em que diferentes vegetais desidratados foram incorporados na massa de pão achatado e várias Pão achatado utilizado no estudo, juntamente com os legumes adicionados para a sua preparação. Foto: IATA-CSIC.

15 ESTUDO propriedades tecnológicas e nutricionais, como o teor de fibras, minerais, cor e textura, foram analisadas. Além disso, a digestibilidade do amido foi medida por análise in vitro para avaliar o impacto destes ingredientes na velocidade da digestão. “Estes ingredientes poderiam ser utilizados não só em pães achatados, mas também noutros produtos de panificação que procuram inovar em termos de nutrição e benefícios para a saúde”, afirma Raquel Garzón, cientista do CSIC no IATA e autora do estudo. Os resultados mostram que a inclusão de espinafres ou acelgas melhorou significativamente o conteúdo mineral do pão achatado; as azeitonas pretas e verdes aumentaram o conteúdo de gordura saudável; a beterraba e o tomate influenciaram a cor e a dureza do pão; a adição de couve melhorou o perfil proteico do alimento; e a alcachofra ou a cenoura melhoraram a quantidade de fibra. Além disso, o limão e o tomate reduziram a digestão in vitro do amido. “Os vegetais desidratados são ingredientes naturais, inovadores e sustentáveis com potencial para melhorar as propriedades tecnológicas e nutricionais do pão achatado”, argumentam María Santamaría e María Ruiz, investigadoras do CSIC no IATA que participaram no estudo. PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO MAIS SAUDÁVEIS O pão é um dos alimentos com maior teor de hidratos de carbono e tem o maior impacto no índice glicémico, o açúcar no sangue, o que tem um impacto direto na dieta dos diabéticos. “Na última década, investigámos várias estratégias para reduzir o índice glicémico do pão, e a inclusão de fontes de compostos bioactivos é uma delas”, explica Cristina M. Rosell, que lidera a investigação. “Neste estudo, utilizámos vegetais desidratados devido ao seu elevado teor de compostos bioactivos, nomeadamente compostos polifenólicos, que podem atuar reduzindo a digestibilidade do amido. Com esta alternativa, conseguimos desenvolver produtos de panificação mais saudáveis e oferecer aos consumidores novas experiências, especialmente em termos da gama de cores e sabores”, afirma Cristina M. Rosell. O pão achatado tem um elevado teor de hidratos de carbono, especialmente amido de digestão rápida, o que contribui para um elevado índice glicémico. Esta caraterística permitiu estudar o impacto glicémico da inclusão de vegetais desidratados. “Através destes ingredientes, um alimento tradicional pode ser transformado numa opção mais nutritiva e inovadora”, explica a equipa de investigação IATA-CSIC. O estudo foi realizado no âmbito do projeto europeu PRIMA FlatBreadMine, liderado por Patricia LeBail no Instituto Nacional de Investigação Agronómica (INRA), em França. n

16 EVENTO FIPA pede ao novo governo que reconheça a importância estratégica do setor A 7.ª Conferência para a Competitividade organizada pela FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares decorreu, no dia 22 de maio, sob o mote 'Alimentar a Economia'. O Centro Cultural de Belém recebeu, no passado dia 22 de maio, a 7.ª Conferência para a Competitividade organizada pela FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares. Durante o evento Jorge Henriques, presidente da FIPA, declarou o compromisso do setor em produzir mais e melhor a partir dos recursos disponíveis no território. Um posicionamento acompanhado de “inovação constante, que tem permitido melhorar a eficiência produtiva, a qualidade dos produtos e a sustentabilidade das operações”. Mais do que isso. O presidente da FIPA apelou a que o novo Governo reconheça a importância estratégica da indústria agroalimentar e implemente políticas que incentivem a inovação, a exportação e a segurança alimentar. Defendeu ainda um Ministério da Agricultura e da Alimentação e uma Secretaria de Estado da Alimentação. Apelou no sentido de o novo Governo definir, com a ajuda da fileira, um plano nacional de segurança alimentar; programas de incentivo e apoio à inovação; um programa de apoio à exportação e à internacionalização. Ao nível fiscal voltou a reforçar a necessária harmonização do IVA dos produtos alimentares na taxa reduzida e a eliminação dos impostos sobre as bebidas açucaradas. O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, por seu lado, Ministro destacou na sua intervenção temas como “segurança energética e natalidade”, e sublinhou que a “agricultura e agroindústria são estratégicas, que a digitalização é essencial tal como a investigação”. Raquel Vaz Pinto, professora da Nova FCSH, fez um retrato da geopolítica atual e abordou os desafios dos países europeus. Entre esses desafios conta- -se o “desacelerar a hiper-regulação e fasear os objetivos da economia verde e da economia digital de forma mais exequível”, e a necessária articulação dos interesses dos grandes Estadosmembros face ao desafio do coletivo. Na mesa-redonda que contou com a presença de Arlindo Cunha, professor da Universidade Católica Portuguesa, Eduardo Diniz, diretor-geral do GPP, José Romão Braz, presidente da IACA, e Patricia Fonseca, consultora da Presidência da República, debateu-se segurança alimentar, reservas estratégicas e o quanto são importantes para a soberania nacional. Defendeu-se mesmo a necessidade de definir stocks estratégicos de cereais, que não temos em quantidade suficiente. Houve ainda tempo para António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, refletir sobre os desafios da cadeia de valor agroalimentar. No final, desafiou as empresas, nomeadamente as do setor agrícola, a integrar na sua cultura o saber das universidades. “Os desafios da cadeia de valor agroalimentar” foi também o tema do debate que se seguiu entre Adolfo Mesquita Nunes, sócio da Pérez-Llorca, António Casanova, CEO da Unilever FIMA, Catarina Pinto Correia, sócia da VdA, e José Pedro Salema, presidente do Conselho de Administração da EDIA. Esta conversa deixou pistas para o futuro, numa altura em que temas como a inteligência artificial, para otimizar processos e melhorar a eficiência das cadeias de abastecimento, dá passos firmes em direção a um futuro mais ágil e mais inteligente. n

17 EVENTO “A água que não chega hoje, é produção que se perde amanhã” Odemira recebeu, a 21 de julho, o 7.º Colóquio da Lusomorango, reunindo o setor hortofrutícola nacional. Sob o tema 'Nutrir o Futuro', o evento contou com forte participação e debateu os desafios da produção agrícola, segurança alimentar e soberania. Joana Peres Loïc Oliveira, presidente da Lusomorango. Na sessão de abertura, Loïc Oliveira, presidente da Lusomorango, sublinhou o papel que a organização tem desempenhado na afirmação de Odemira como referência na produção de pequenos frutos. Deixou, no entanto, um alerta claro: “Temos capacidade para crescer, mas não sozinhos. A água que não chega hoje é produção que se perde amanhã”. Defendeu também a execução das promessas políticas e a desburocratização, avisando que entraves administrativos ameaçam a sustentabilidade do setor exportador. Hélder Guerreiro, presidente da Câmara Municipal de Odemira, e Roberto Grilo, da CCDR Alentejo, reforçaram a importância da agricultura enquanto vetor de desenvolvimento regional e de soberania alimentar. “Portugal conta com 125 organizações de produtores, 53 das quais neste setor. É um investimento superior a 20 milhões de euros por ano, com cofinanciamento europeu”, salientou Roberto Grilo. O programa incluiu três mesas-redondas. Na primeira, dedicada à segurança alimentar, Paulo Portas destacou o impacto da geopolítica na agricultura: “A guerra na Ucrânia mostrou que energia e alimentação são também armas políticas”. Susana Pombo, diretora-geral da DGAV e António Serrano, CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar, abordaram os desafios práticos, como a previsibilidade, a responsabilidade dos operadores, o excesso de regulação e a necessidade urgente de desburocratizar. A segunda mesa focou-se na investigação e inovação. Nuno Canada, presidente do INIAV, defendeu uma ligação mais estreita entre ciência e empresas. Catarina Campos, da Driscoll’s, apresentou o Centro de Inovação para a Sustentabilidade, criado em parceria com a Lusomorango, para apoiar os produtores perante os desafios do ‘Green Deal’ e da escassez hídrica. Sandra Primitivo, da EY-Parthenon, lembrou que as tendências de consumo mudaram, e os sistemas de produção têm de se adaptar. Na terceira mesa, sobre autonomia e soberania alimentar, Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP afirmou: “Quem disser que é possível crescer sem imigrantes está a mentir.” Ondina Afonso, p residente do Clube de Produtores Continente destacou o papel do retalho na inovação e Eduardo Diniz, diretor-geral do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral do Ministério da Agricultura e Mar, apontou a modernização como essencial para a competitividade. O colóquio terminou com um apelo de Gonçalo Santos Andrade, presidente da Portugal Fresh, e Rute Xavier, da Universidade Católica Portuguesa, à coerência europeia nas exigências ambientais e sanitárias para produtos importados, defendendo a competitividade da produção nacional. O Ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, reforçou, em vídeo, a urgência de combater a burocracia e modernizar o setor. Poderá assistir ao colóquio, na íntegra, em www.ialimentar.pt n

18 DOSSIER CADEIA DO FRIO Frigicoll Portugal: A cadeia de frio em movimento rumo à sustentabilidade Distribuidor exclusivo da Thermo King, a Frigicoll Portugal lidera a refrigeração de transporte com soluções cada vez mais sustentáveis, digitais e silenciosas, ajustadas aos desafios logísticos dos setores alimentar e farmacêutico. Para empresas dos setores agroalimentar e farmacêutico, uma falha na cadeia de frio é o pesadelo que os gestores mais temem: cargas inteiras que se tornam impróprias para consumo, contratos cancelados, processos de 'recall' que geram prejuízos devastadores. No setor farmacêutico, as consequências são ainda mais graves — vacinas que perdem eficácia, medicamentos vitais que se tornam inúteis. Cada hora sem refrigeração adequada pode custar milhares de euros e, em casos extremos, colocar vidas em risco. Porém, há empresas que fazem da proteção da cadeia de frio a sua especialidade. A Frigicoll Portugal é uma delas, trabalhando há mais de 40 anos como representante exclusivo da marca Thermo King e afirmando-se como líder no setor da refrigeração de transporte. A dimensão da sua atividade é reveladora: em 2024, a nível ibérico, realizou mais de 6.300 montagens, gere 13.000 contratos de manutenção ativos e executou 4.000 reparações em garantia — números que refletem uma presença consolidada a nível nacional. “A nossa missão é clara: garantir que os produtos chegam ao destino final em perfeitas condições, cumprindo todas as exigências de temperatura, tempo e segurança. É isto que nos motiva diariamente”, afirma João Leal, diretor-geral da Frigicoll Portugal. Com cobertura técnica em todo o território nacional e uma rede de assistência composta por dez pontos de apoio, incluindo dois centros oficiais Thermo King (no Norte e no CentroSul), a Frigicoll assegura um serviço Joana Peres

19 DOSSIER CADEIA DO FRIO contínuo, 24 horas por dia, para todos os tipos de veículos refrigerados — de semirreboques e camiões a comerciais ligeiros. SOLUÇÕES PARA SEMIREBOQUE — THERMO KING A500 SPECTRUM TRITEMPERATURA Thermo King A500 Spectrum Tritemperatura: eficiência multitemperatura com controlo total A Frigicoll Portugal dá um passo em frente na refrigeração de semi-reboques com a introdução do Thermo King A500 Spectrum Tritemperatura, um equipamento de alto desempenho concebido para operações logísticas exigentes e ambientalmente conscientes. Esta unidade permite o transporte simultâneo de cargas com diferentes necessidades térmicas — como congelados, refrigerados e secos — através da criação de até três compartimentos de temperatura distintos, cada um com controlo independente, assegurando uma distribuição flexível e eficiente. Características técnicas em destaque: • Sistema Tritemperatura: permite segmentar o espaço de carga com zonas térmicas controladas individualmente — essencial para cargas mistas. • Tecnologia multitemperatura com evaporadores dedicados: garante regulação precisa, estabilidade térmica e tempo de resposta reduzido. • Motor A500 (diesel ou híbrido): fiável e energeticamente eficiente, com manutenção simplificada; a versão híbrida permite operação elétrica em zonas urbanas com restrições ambientais. • Alta eficiência energética: otimização do consumo de combustível, menor impacto ambiental e conformidade com a norma NRMM Stage V. • Compatibilidade telemática total: inclui integração nativa com a plataforma TracKing™, que oferece monitorização remota em tempo real da temperatura, localização e desempenho, com dois anos gratuitos incluídos. Vantagens operacionais: • Flexibilidade logística: adapta-se a diversos tipos de carga e rotas com exigências térmicas distintas. • Segurança alimentar e farmacêutica reforçada: cumpre integralmente os requisitos de rastreabilidade e estabilidade de temperatura (HACCP). • Redução de custos operacionais: operação mais eficiente, menor consumo de combustível, redução de falhas e tempos de inatividade. Aplicações típicas: • Transporte de alimentos perecíveis (congelados e frescos); • Distribuição farmacêutica e hospitalar; • Logística de retalho e supermercados; • Cargas mistas com exigências térmicas variadas. Com este lançamento, a Frigicoll Portugal afirma-se como um parceiro de referência para empresas que exigem controlo rigoroso da cadeia de frio, tecnologia avançada e compromisso ambiental. O A500 Spectrum Tritemperatura é mais do que um equipamento: é uma plataforma de confiança para a logística moderna. SOLUÇÕES PARA CAMIÕES RÍGIDOS – SÉRIE TX Série TX: Potência autónoma e precisão térmica para o transporte alimentar Desenhada para responder às exigências específicas da distribuição urbana e regional, a gama Thermo King Série TX oferece fiabilidade, robustez e precisão térmica — fatores críticos num país como Portugal, marcado por temperaturas elevadas, rotas irregulares e uma crescente exigência de rastreabilidade. Estas unidades autónomas a diesel são ideais para camiões rígidos em rotas curtas e entregas multistop, pro-

20 DOSSIER CADEIA DO FRIO porcionando um arranque térmico rápido e um controlo de temperatura fiável mesmo em ambientes extremos (acima dos 40 °C). As versões multitemperatura permitem transportar cargas mistas — como congelados, laticínios e frescos — com divisórias térmicas e controlo independente por compartimento. Vantagens por tipo de carga: • Produtos frescos e hortofrutícolas: estabilização térmica rápida e controlo de humidade adequado. • Laticínios e ovos: constância térmica e conformidade com HACCP e ATP. • Congelados: capacidade para manter -20 °C em pleno verão. • Cargas mistas: divisórias térmicas e gestão individual de zonas. A gama TX cumpre as principais normas de qualidade e sustentabilidade, incluindo ATP, HACCP e BPD. Está preparada para operar com combustíveis alternativos, como o biodiesel HVO, e cumpre a norma ambiental NRMM Stage V. É ainda possível optar por motores silenciosos e de baixas emissões, ideais para zonas urbanas restritas (LEZ). Em termos de conectividade, os modelos TX são compatíveis com TracKing e TK Notify (consoante a configuração), permitindo integração com plataformas de rastreabilidade alimentar e ERP, além de alertas operacionais em tempo real. A manutenção é simples, com revisões a cada 1.000 horas ou anualmente. Em Portugal, a rede oficial Thermo King assegura cobertura total com 15 pontos de assistência, de norte a sul e na Madeira, com serviço 24 horas disponível mediante contrato. A Série TX é, assim, uma escolha segura para operadores que exigem fiabilidade, flexibilidade e segurança alimentar certificada em todas as etapas da cadeia de frio. SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO AO SERVIÇO DA LOGÍSTICA ALIMENTAR A logística alimentar e hortofrutícola representa hoje uma fatia significativa da carteira de clientes da empresa, com especial destaque para as soluções multitemperatura e aplicações 'last mile'. Também o setor farmacêutico se tem revelado estratégico, exigindo soluções de frio com elevada precisão, rastreabilidade e estabilidade. “As exigências ambientais e urbanas estão a acelerar a adoção de soluções elétricas e mais silenciosas, e Portugal não é exceção. A nossa resposta passa por inovação tecnológica que alia sustentabilidade e fiabilidade operacional”, refere João Leal. A Frigicoll Portugal tem apostado fortemente na eletrificação da cadeia de frio, com soluções como o Advancer-e — equipamento 100% elétrico, já com telemática integrada gratuita durante dois anos. Entre as soluções mais procuradas, destacam-se também os motores GreenTech, com emissões até CARACTERÍSTICAS DOS PRODUTOS PRODUTO CARACTERÍSTICAS FUNCIONALIDADES Advancer-e 100% elétrico, compatível com qualquer solução de alimentação, design leve Refrigeração sem emissões, inclui dois anos de telemática gratuita, ideal para LEZ/ULEZ Motores GreenTech Motores de injeção direta com baixas emissões de CO2 (até -50% vs norma MMNR) Redução do impacto ambiental e consumo de combustível Painéis solares integrados Compatíveis com sistemas elétricos e baterias auxiliares Aumentam autonomia energética e reduzem dependência de fontes externas ePTO Tomada de força elétrica de baixa/alta voltagem (12V a 800V) Alimenta equipamentos de refrigeração diretamente do veículo elétrico Axle Power Sistema de recuperação de energia do eixo em movimento Geração elétrica durante a condução para alimentar sistemas de frio

21 50% abaixo dos limites legais, os painéis solares integrados e os sistemas de alimentação alternativos, como ePTO, baterias ou Axle Power. PREPARAR O FUTURO DA CADEIA DE FRIO EM PORTUGAL Nos próximos anos, a cadeia de frio em Portugal será moldada por dois vetores estruturantes: descarbonização e digitalização. A expansão das zonas de baixas emissões (LEZ e ULEZ), a pressão regulatória europeia e o crescimento da logística urbana estão a impulsionar uma nova geração de frotas mais limpas, conectadas e eficientes. “A cadeia de frio tem um papel crítico na segurança alimentar e farmacêutica. Por isso, deve ser também um exemplo de modernização e responsabilidade ambiental. Na Frigicoll, estamos a liderar essa transformação com soluções práticas e já disponíveis no mercado”, salienta João Leal. Com uma estratégia assente em quatro pilares — desempenho técnico, poupança integrada, rede técnica especializada e sustentabilidade —, a empresa posiciona-se como facilitadora da transição energética no setor, oferecendo não só equipamentos, mas também consultoria técnica, apoio à adaptação legislativa e parcerias logísticas. PROXIMIDADE, SERVIÇO E COMPROMISSO COM O SETOR Além da tecnologia, o fator humano continua a ser um pilar-chave do sucesso da Frigicoll Portugal. A equipa comercial, composta por três elementos dedicados, destaca-se pela proximidade ao cliente, conhecimento técnico e capacidade de personalização das soluções. “Somos um parceiro que acompanha o cliente em todas as fases: desde a escolha do equipamento até à assistência técnica. É essa relação de confiança que temos vindo a construir com o setor alimentar, e que queremos reforçar nos próximos anos”, conclui João Leal. Com uma operação que alia inovação, robustez técnica e um serviço de excelência, a Frigicoll Portugal mantém-se na dianteira de um setor em rápida transformação — garantindo que a cadeia de frio continua a funcionar, em segurança, todos os dias, por todo o país. n Mais informações em www.frigicoll.es/pt/ Rápida. Flexível.Segura. Sustentável. Concebida para satisfazer as mais elevadas exigências da indústria alimentar, a termoformadora wePACK 7000 da Weber destaca-se pela sua precisão, higiene e eficiência energética. A sua construção totalmente em aço inoxidável e a tecnologia servo-acionada garantem uma operação fiável e duradoura. Compatível com todos os tipos de embalagens: MAP, vácuo, skin, multicamadas e adequada para filmes convencionais ou sustentáveis. Graças ao sistema de troca rápida SmartChange e à sua integração perfeita com as gamas Weber, a produção mantém-se fluida, eficiente e ininterrupta. WePACK 7000: Inovação e desempenho para a embalagem do futuro.

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