BF8 - iAlimentar

ENTREVISTA 57 sobre isso: é tudo muito bonito, mas se formos analisar as soluções alternativas ao que existe, algumas ainda são mais poluentes e com muito mais custos de energia do que as atuais, mas é uma moda que temos neste momento. O mercado quer estas modas, mas não está disposto a pagar e aqui é que está o problema. Têm esses produtos? Sim, a substituição do plástico por papel ou situações de 100% recicláveis. É tudo muito bonito, mas quando falamos que pode representar 30 ou 40% a mais no valor de uma embalagem, o mercado não está disposto a pagar. Se os preços já estão como estão, e se o produto que colocamos dentro da embalagem já está a aumentar, então com este aumento da embalagem começa a ser difícil para o mercado conseguir absorver isso. O desafio não será baixar os valores desses novos produtos gradualmente ou não é possível? Tudo é possível. Quando se lança uma novidade, a tendência é que seja mais cara, mas quando começa a entrar na fase de maturidade do produto, há uma baixa de preço, pois mais empresas estão a desenvolver e a fabricar o mesmo produto. Mas até isso acontecer, o preço vai ser alto. A nível de inovações que temos apresentado, estão relacionadas com opções veganas e vegetarianas, que são outra tendência. A verdade é que as pessoas estão a ter mais cuidado com o que comem e existe mercado para produtos vegetarianos (o vegano é mais sectorial, é um nicho). Também temos os flexitarianos, que por vezes querem fazer refeições diferentes, mas ainda assim não está a ter o impacto que se esperava. Embora existam soluções no mercado e publicidade – estamos inclusive a apresentar na feira soluções desde patés veganos, nugets veganos, atum vegano -, mas depois não há mercado e as empresas são pequenas. Por vezes, com as representadas internacionais, os volumes de compra que nos pedem são muito grandes e torna-se difícil. Na sua perspetiva, quais as principais dificuldades do setor nos dias de hoje? A par do custo da energia e da falta de mão de obra, um dos problemas mais grave está relacionado com o facto de a indústria não conseguir passar às grandes superfícies os aumentos reais dos custos que tem. E a indústria vê-se sufocada pelo aumento das matérias primas e não tem soluções alternativas. Logo, quando o seu cliente tem poder negocial e um peso muito grande na sua faturação, isso sufoca as indústrias porque esmaga margens e há dificuldade em criar condições para trabalhar de forma saudável, além de criar entropias no sistema. Quais poderiam ser as soluções perante essa dificuldade no relacionamento com as grandes superfícies? Devia haver mais coesão dos industriais no sentido de fazer ver que os aumentos que estão a fazer não são para terem mais margens, mas porque é a realidade. Havendo coesão conseguiriam estar mais equilibrados e não existir uma pressão muito grande, que é o que está a acontecer neste momento na indústria. Quanto ao controlo da qualidade e rotulagem, de que forma este tema tem sido tratado e melhorado nas vossas soluções? A nível de controlo de qualidade ou inspeção temos algumas soluções que passam por um detetor de metais com verificação de peso, que podem ser soluções combinadas ou em separado, e um pouco mais à frente a questão dos raios x, embora seja uma tecnologia ainda um pouco cara, mas crucial para o futuro e terá tendência a reduzir os custos. Isto para a questão da segurança alimentar. A nível de inspeção temos algumas soluções que visualizam a falta de etiqueta e que rejeitam o produto. É o que temos para apresentar ao mercado. A nível de inovações no sector da carne e pastelaria, algumas a destacar? O destaque vai para os produtos sem alergénios, não só na carne, mas também na panificação. Estamos a trabalhar nesse sentido e temos algumas soluções, mas voltamos ao mesmo: essas soluções são mais caras do que as atuais e o mercado tem alguma dificuldade em absorver esse custo. n

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