ENTREVISTA 56 Qual a sua opinião sobre a primeira edição da Lisbon Food Affair e que novidades estão a apresentar? Apostámos nesta feira porque seria uma extensão da Alimentária e para retomar o contacto com os clientes, para termos a possibilidade de voltar a estar cara a cara com eles, o que não aconteceu durante a pandemia. No entanto, considero que foi pouco divulgada e que o nome não é o mais adequado. Dá a sensação de ser uma feira regional (com a referência a Lisbon) e não uma feira nacional. Também tem poucos expositores, em comparação com a Alimentária, e passou a ter uma vertente de exportação, que não é o nosso target. Estamos mais voltados para o mercado nacional. Quanto a novidades, destaco a nível de ingredientes as especiarias com diferentes aplicações, que estão em destaque no Innovation Food. Também temos novas representadas ao nível dos equipamentos, que quisemos dar a conhecer. Estivemos três anos em pandemia. Como foi esse período para a Diverembal? As reuniões presenciais foram cada vez menos, funcionávamos muito através de reuniões via Microsoft Teams e outras aplicações, mas como latinos que somos é importante o contacto pessoal. O cara a cara foi a razão pela qual estamos decidimos estar presentes na Lisbon Food Affair. Como tem sido a evolução ao negócio ao longo destes três últimos anos. Têm tido crescimento? Devido ao setor onde estamos - a alimentação - e sobretudo por estarmos focados na indústria, e não na hotelaria, a evolução foi positiva. Como havia contenções na hotelaria e restauração, as pessoas preparavammais refeições em casa e faziammais compras nos super e hipermercados. Como estamos vocacionados para a indústria não tivemos nenhuma quebra, pelo contrário, houve algum crescimento. Este ano, a inflação está a afetar o negócio? O que está a acontecer é uma situação nova e estamos na expectativa para perceber o que se passa. Por um lado, temos de tentar perceber se há alguma retração no consumo devido à inflação, ao aumento do custo de vida e ao não acompanhamento dos salários. Ainda não temos um grande impacto - e esperemos não vir a ter - mas que acho que vai acontecer. Por outro lado, houve um aumento muito substancial das matérias primas que vendemos, que esperamos que exista uma estabilidade e, inclusivamente, algum decréscimo nesses preços. Aumentaram os vossos preços? Fomos obrigados porque tínhamos margens pequenas e os impactos eram muito grandes. Não conseguimos, de maneira nenhuma, absorver esse aumento de custos. E como foi a reação dos clientes? Não fomos os únicos a aumentar os preços, isto foi transversal e sabemos que, de uma maneira geral, quase tudo aumentou. Os clientes começaram a receber o aumento com alguma resignação, mas já estão a chegar ao limite de poder receber mais subidas. No nosso caso, como trabalhamos commultinacionais, a sensibilidade de mercado para mercado não é assim tão percetível e é muito mais transversal a todos os mercados. Espero alguma estabilidade e é isso que pretendo para este ano. Como vê o mercado nacional em comparação com os mercados estrangeiros? O problema do tecido empresarial português na indústria alimentar é que temos muitas pequenas e médias empresas e automatizações ou sistemas com capacidades maiores implicam investimentos muito grandes que, por vezes, não são suportados pelas empresas. Neste momento, as indústrias estão a sofrer com a falta de mão de obra. Há dificuldade em arranjar pessoas e as empresas têm de ir à procura de alternativas, de automatizações, que nem sempre são baratas. A indústria está a passar uma fase sem saber o que fazer. Como se espera uma retração de consumo, as empresas estão a ponderar se vale a pena fazer investimentos. Estamos a ver se a poeira assenta para depois olhar em frente. Em termos de inovações que têm apresentado ao setor nos últimos dois anos, qual destaca? O mercado está muito vocacionado para a sustentabilidade, para procurar soluções e tenho a minha opinião
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