BF8 - iAlimentar

NOVOS ALIMENTOS/PROTEÍNAS VEGETAIS 34 modernas e foi a primeira variedade portuguesa de carolino introduzida no catálogo nacional de variedades (CNV). É o resultado de cruzamentos efetuados no âmbito do Programa Nacional de Melhoramento Genético de Arroz do INIAV, em pareceria com diversas entidades, durante mais de dez anos. Em comum, ambas produzem grãos de alta qualidade, classificados como longos e de categoria A, com uma relação de comprimento/largura de 2,6 (Ariete) e 2,5 (Ceres) [4]. A crescente procura por alimentos nutricionalmente enriquecidos é cada vez mais relevante e o desenvolvimento ou otimização de produtos diferenciadores torna-se essencial. Os sistemas alimentares agrícolas são essenciais para fornecer a maior parte dos nutrientes e compostos necessários ao bem-estar e à saúde humana, embora se saiba que a deficiência de micronutrientes afeta cerca de 3 mil milhões de pessoas em todo o mundo [5]. Estudos baseados no consumo diário, de 300 g/dia, reportaram uma concentração de Selénio (Se) insuficiente nos grãos de arroz [6]. O défice de Se, que afeta cerca de 15% da população mundial, resulta em patologias relacionadas com fragilidades nos sistemas imunitário e cardiovascular, e associação a hipotiroidismo, infertilidade masculina, astenia e cancro [7]. O PAPEL DA BIOFORTIFICAÇÃO A biofortificação é definida como a ‘melhoria das culturas alimentares ao nível nutricional utilizando práticas agronómicas, técnicas de melhoramento transgénico ou convencional’ [8]. A biofortificação agronómica centra-se no enriquecimento vitamínico e em micronutrientes, enquanto o melhoramento convencional consiste em efetuar cruzamentos entre plantas com características de interesse para a obtenção de outras desejáveis. Neste enquadramento, a aplicação de itinerários técnicos de biofortificação agronómica pode ser adotada como estratégia para aumentar o conteúdo de Se no grão de arroz. No entanto, a biofortificação coloca questões operacionais, científicas, económicas e sociais que importa clarificar, nomeadamente a seleção das variedades a utilizar, o tipo (aplicação foliar ou via solo) e a forma de Se, que sejammais eficientes e que evitem toxicidades. Aspetos como a melhoria da produtividade, qualidade das culturas, eficiência de nutrientes e tolerância a stress abiótico são promovidos quando o Se é aplicado nas plantas na forma de selenato ou selenito de sódio [9]. Estudos mostraram que a aplicação foliar de selenito é mais eficaz e eficiente do que a aplicação no solo, pois a planta pode ser pulverizada em fases determinantes do seu desenvolvimento, promovendo/favorecendo assim a absorção e rápida assimilação [10]. A absorção de Se pela planta depende da variedade, das condições de crescimento, entre outros fatores. As alterações climáticas, como a temperatura, velocidade do vento, precipitação e humidade relativa podem afetar o processo. Além disso, as características intrínsecas do solo como pH e teor de matéria orgânica influenciam a disponibilidade para absorção pelas plantas [11]. O enriquecimento nutricional do grão de arroz surge em contexto de inovação, onde a biofortificação agronómica com Se resultará, consequentemente, Plantas de arroz ( Oryza sativa L. ) durante o ciclo de desenvolvimento da cultura.

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