23 DOSSIER CADEIA DO FRIO A falta de visibilidade no primeiro quilómetro pode significar que as empresas precisem de manter um excesso de inventário para lidar com mudanças inesperadas na procura. Além disso, uma empresa que não tenha uma visibilidade completa da origem exata dos diferentes lotes de matérias-primas e ingredientes pode correr o risco de uma recolha generalizada de produtos e dos danos de reputação associados, caso ocorra um problema a jusante. Considerando que o foco na transparência da cadeia de abastecimento tem incidido geralmente no último quilómetro, assistimos atualmente a um aumento de novos regulamentos a exigirem que as marcas forneçam informações sobre o primeiro quilómetro das suas cadeias de abastecimento. Exemplos incluem a Lei de Modernização da Segurança Alimentar da FDA dos EUA, que visa prevenir doenças de origem alimentar, e o Regulamento de Desflorestação da UE (EUDR), que abrange todos os produtos ligados à desflorestação vendidos na Europa, incluindo madeira, café e gado. Nos próximos anos, espera-se igualmente a publicação de regulamentos em termos de relatórios ambientais, sociais e de governação (ESG), a exigir que as empresas trabalhem com os seus fornecedores para cumprirem os objetivos das zero emissões e certificarem os produtos. As sanções por incumprimento dos requisitos regulamentares podem ir desde multas pesadas a possíveis condenações penais. A procura de transparência na cadeia de abastecimento por parte dos consumidores também está a aumentar. Um estudo de 2020 da Fashion Revolution sugere que 69% dos consumidores da UE querem saber como as suas roupas são fabricadas, enquanto um estudo de 2022 da Harris Poll, encomendado pela Google Cloud, concluiu que 66% dos compradores procuram ativamente marcas ecológicas, porém, 72% pensam que as empresas e as marcas exageram nos seus esforços de sustentabilidade. Então, como é que os fabricantes podem adotar a rastreabilidade total da cadeia de abastecimento? Segundo um relatório da MHI de 2024, a visibilidade e a transparência são as principais tendências com impacto nas cadeias de abastecimento, e as empresas devem considerar dar prioridade ao investimento em tecnologia e à colaboração com os fornecedores como forma de melhorar a transparência. DIGITALIZAÇÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO Historicamente, a adoção da rastreabilidade no primeiro quilómetro tem sido um desafio. Muitos fabricantes lidam com um elevado volume de fornecedores e manuseadores de matérias-primas de pequena escala em vários países e é provável que a gestão de dados seja prejudicada por processos manuais e suscetíveis de erros. No entanto, as soluções tecnológicas centradas na transparência e na rastreabilidade evoluíram nos últimos anos. As ferramentas digitais, como as plataformas baseadas na nuvem, a inteligência artificial e a blockchain, permitem atualmente a monitorização em tempo real e o armazenamento seguro de dados para fornecer informações detalhadas e comprováveis sobre o percurso de um produto desde a origem até ao consumidor. As soluções potenciais incluem códigos de identificação únicos no produto para
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