BF4 - iAlimentar

10 CARNE Carne de ovino nacional A produção animal tem como desafios nucleares a dimensão em volume do que se produz, a profissionalização da gestão dos processos associados e o estabelecimento de canais de comercialização equitativos. Hoje, na pecuária de precisão a tecnologia é usada para racionalizar a utilização de bens escassos, como a água e as fontes alimentares, para controlar efeitos ambientais na produção, melhorar a rentabilidade da produção e melhorar a qualidade objetiva dos produtos alimentares produzidos. A produção animal assumiu, em resultado de conotações negativas não enquadráveis nos sistemas de produção animal em Portugal, o desafio da certificação do bem-estar animal. No presente, existem várias organizações de produção de carne certificadas e em vias de certificação. A compra de carne pelo consumidor passou a ser uma escolha consciente. O consumidor escolhe a carne não só pelas suas caraterísticas intrínsecas, mas essa escolha passou a ser concretizada por um prisma mais holístico. O consumidor quer saber se a carne que compra é proveniente de animais produzidos respeitando o bem-estar animal, que tipo de fontes alimentares foram utilizadas, como foi globalmente mitigada a pegada de carbono. Esta abordagem engloba também a necessidade de o produto, ao ser consumido, se enquadrar no espírito de vida com saúde e bem- -estar. O consumidor vai mais longe e estende a sua escolha consciente a questões de natureza social. O consumidor tem cada vez mais informação sobre os bens alimentares em geral. Relativamente à compra de carne, existe ainda um significativo desconhecimento, sobre que peças e que cortes existem em cada espécie ou categoria de talho e qual a melhor aptidão culinária na sua utilização. Por outro lado, o consumidor é constantemente alvo da comunicação sobre os malefícios para a saúde do consumo de carne, emparticular carnes vermelhas. Da mesma forma, são comunicados de forma insistente e sistemática, diferentes tipos de dietas, nas quais as carnes vermelhas são erradicadas. Assim, face a esta realidade, poderemos apresentar o conceito de comer menos carne e melhor carne, ou seja, carne proveniente de modos de produção em que o animal se encontra em equilíbrio com o meio em que é produzido. Contudo, a decisão sobre que carne comer, em que quantidade e de que proveniência, deve ter sempre por base o livre arbítrio de cada consumidor. Globalmente, a tendência é para valorizar processos de produção e de processamento que melhorem o valor nutricional e a segurança alimentar dos produtos. A cadeia de valor da produção animal é um negócio de base tecnológica. Uma cadeia de base tecnológica é aquela que incorpora, de forma sistematizada, conhecimento técnico e científico para acima de tudo manter a sua competitividade. Humberto Rocha | Médico-Veterinário, Ph.D, Professor Universitário e Consultor

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