43 DOSSIER ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: IMPACTOS E RESPOSTAS O impacto das alterações climáticas no setor agroalimentar Os desafios das alterações climáticas são crescentes. Mas podem representar também a oportunidade de transformação, de adoção de tecnologias mais sustentáveis, a valorização de recursos, a digitalização de processos de produção e a criação de produtos com maior valor acrescentado. Cláudia Pinto O mundo tem vivido várias mudanças nos sistemas alimentares, e as alterações climáticas influenciam diretamente a produção e a indústria deste setor. Este é apenas um dos aspetos referidos na resenha histórica realizada no Relatório Global Food Policy Report 2025: Food Policy: Lessons and Priorities for a Changing World, publicado pelo International Food Policy Research Institute (IFPRI), que aponta pistas para o crescimento futuro e considera como outros problemas — além das alterações climáticas — “a desaceleração do crescimento agrícola, a escalada da obesidade e das doenças não transmissíveis e os conflitos armados”. Os problemas estão identificados. Este relatório reforça que as políticas baseadas em evidências são fundamentais para transformar os sistemas alimentares globais. Para tal, apresenta seis prioridades principais até 2050. São elas: resiliência e inclusão (investir em soluções contextualizadas para populações mais afetadas por conflitos, desastres e pobreza persistente); nutrição e ambientes alimentares saudáveis (combater as deficiências nutricionais e a obesidade, promovendo dietas mais saudáveis e sustentáveis); novas tecnologias (garantir que as inovações digitais e científicas sejam acessíveis e orientadas para o bem público, evitando o aprofundamento das assimetrias); envolvimento com o setor privado (estimular investimentos em investigação e desenvolvimento) e parcerias interdisciplinares e fortalecimento de capacidades locais (investir na formação de capital humano para liderar transformações ao nível local). E em Portugal? Como está o país a adaptar-se à instabilidade do clima? Está a fazê-lo de forma progressiva ao novo contexto climático, refere Vítor Alves, professor associado com agregação do Instituto Superior de Agronomia (ISA). E, neste contexto, existem desafios a ultrapassar. “As necessidades de adaptação variam muito consoante a área de atuação das empresas e com a sua dimensão. Para viabilizar a transição para modelos mais eficientes e sustentáveis, muitas empresas têm-se candidatado aos apoios do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] e do PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum], que financiam inves-
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