BF16 - iAlimentar

49 DOSSIER SUSTENTABILIDADE E ECONOMIA CIRCULAR sem sofrer deformações ou roturas”. As propriedades barreira ao vapor de água, ao oxigénio e outros gases é, ainda, um fator essencial para preservar a qualidade dos alimentos, “e os materiais sustentáveis, na grande maioria das vezes, apresentam menor eficiência nesse aspeto quando comparados com os polímeros convencionais”. Outro ponto crucial abordado por Bruno Pereira da Silva é a segurança alimentar e a conformidade com normas regulatórias rigorosas, como as da FDA e da EFSA, que exigem extensivos testes para garantir que os materiais não liberem substâncias tóxicas ao longo do tempo de vida útil. O custo e a escala de produção também foram apresentados por Bruno Pereira da Silva como desafios, pois materiais sustentáveis tendem a ser mais caros devido às matérias-primas alternativas e aos processos produtivos ainda em desenvolvimento. “Por fim, existe a necessidade da compatibilidade com a reciclagem ou compostagem em larga escala, garantindo que o descarte seja ambientalmente responsável sem gerar microplásticos ou outros resíduos prejudiciais”. Todos estes fatores, explora o especialista, exigem inovação ao nível dos materiais e processos industriais para tornar os materiais sustentáveis viáveis, sem comprometer a segurança e funcionalidade. A ARTE DE RECICLAR Portugal tem beneficiado dos desenvolvimentos que a Tetra Pak lidera nesta área e foi palco de uma importante validação tecnológica a nível global, no final de 2023, quando lançou uma embalagem de cartão para bebidas assética, em parceria com a Lactogal, com uma barreira à base de papel. “Feita com, aproximadamente, 80% de cartão, esta solução aumenta o conteúdo renovável para 90%, reduz a sua pegada de carbono em um terço (33%) e foi certificada como Neutra em Carbono pela Carbon Trust”, explicou à iAlimentar Ingrid Falcão, sustainability manager da Tetra Pak Ibéria. “Além disso, coloca-nos mais próximo do objetivo de ter uma embalagem de cartão para bebidas feita exclusivamente de materiais renováveis ou reciclados de origem responsável, totalmente reciclável e neutra em carbono”. No final do ano passado, a Tetra Pak também apresentou uma embalagem Tetra Brik Aseptic que utiliza polímeros reciclados certificados associados a embalagens de cartão usadas para bebidas. “Trata-se de um marco na indústria e um passo significativo rumo a uma economia circular, feito em colaboração com o maior grupo de laticínios do mundo, a Lactalis”. Com certificação do ISCC PLUS, estes polímeros reciclados são provenientes do processo de Tetra Pak apresentou as embalagens Tetra Brik Aseptic, que utilizam polímeros reciclados certificados associados a embalagens de cartão usadas para bebidas. reciclagem de embalagens de cartão para bebidas usadas, em Espanha, e atribuídos a novas embalagens através de um método de atribuição de balanço de massa. “Isto significa que são compostos por uma mistura de matéria-prima fóssil virgem, reciclada e não reciclada, garantindo que o volume correspondente de material reciclado é obtido e monitorizado ao longo da cadeia de abastecimento”. Ingrid Falcão relembrou que a Tetra Pak está constantemente a inovar para alcançar o objetivo de criar a embalagem mais sustentável do mundo, feita a partir de materiais renováveis ou reciclados, totalmente recicláveis, neutra em carbono e com garantia total de segurança alimentar. Para isso, durante os próximos cinco a dez anos, a empresa prevê investir 100 milhões de euros, anualmente, para atingir o objetivo de manter recursos de qualidade em circulação e reduzir a dependência da indústria de materiais virgens de origem fóssil. n

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