BF16 - iAlimentar

DOSSIER PROTEÍNAS ALTERNATIVAS E O FUTURO DA ALIMENTAÇÃO 41 uma transição, até 2050, para sistemas alimentares mais saudáveis e de menor impacto ambiental, como uma das ações do pacto estratégico europeu ‘do prado ao prato’ (2020). Estimular o aumento do cultivo de proteínas vegetais tem como principal missão o combate às alterações climáticas através da descarbonização atmosférica. Paralelamente, originará um reforço do aumento da sua promoção e consumo, contribuindo eficazmente para a manutenção de padrões de saúde humana a longo prazo. A IMPORTÂNCIA DAS LEGUMINOSAS Existem mundialmente cerca de 23 mil espécies de leguminosas (família das fabaceas), organizadas em três grandes classes: leguminosas secas (grão-de-bico, tremoço, feijão e chícharo), frescas (ervilhas e favas) e oleaginosas, como é o caso da soja. Estas têm um importante papel de fixação do azoto nos solos de cultivo (pela relação simbiótica da raiz da planta com bactérias Rhizobium) originando uma menor necessidade de fertilizantes sintéticos (por isso são popularizadas como adubo verde), contribuindo para um menor impacto ambiental e, consequentemente, para a redução das emissões de gases contribuintes para o efeito de estufa, bem como a diminuição do consumo de água pela sua capacidade de adaptação a climas secos (Oliveira, 2024). Em Portugal, a tradição gastronómica tem as suas preferências no que toca às leguminosas: grão-de-bico, feijão (branco, vermelho, raiado e frade), favas, ervilhas, chícharo e o tremoço e o seu protagonismo como snack de verão. Apesar da forte tradição gastronómica portuguesa em pratos confecionados com leguminosas, a população portuguesa apresenta um baixo perfil de consumo diário de leguminosas (16 g), com índice inferior ao recomendado pela roda da alimentação mediterrânica (80 g) — dados do último inquérito nacional alimentar e de atividade física, 20152016 (Lopes et al., 2017). Cerca de 100 g de tremoço correspondem a 16 g de proteína, isto é, o dobro da proteína do grão-de-bico, conferindo-lhe o perfil nutricional de leguminosa com maior valor proteico e menor valor de amido. Apesar do feijão ser a leguminosa mais consumida em Portugal, um dos principais obstáculos ao seu consumo diário é a sua associação à distensão Imagem 2: Consumo leguminosas diário em Portugal vs. consumo recomendado pela roda da alimentação mediterrânica. Dados do Inquérito Nacional Alimentar 2015-2016. consumo recomendado 80 g consumo diário/Portugal 16 g Imagem 3: Cogumelo frade. Créditos: Lígia Afreixo, 2022.

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