36 DOSSIER PROTEÍNAS ALTERNATIVAS E O FUTURO DA ALIMENTAÇÃO Marques. Depois, os resultados foram utilizados para uma candidatura a um projeto internacional financiado pelo The Good Food Institute (GFI), o Algae2Fish. “Esta non-profit americana ajuda investigadores a entrar nesta área das proteínas alternativas e, na altura, conseguimos um financiamento de 250 mil dólares.” A ideia consistia em tornar o laboratório, um dos primeiros do mundo a fabricar filetes de robalo em 3D. O objetivo passa por ter um filete que possa ser apresentado ao público, em termos de protótipo, não um produto final. “Precisamos de desenvolver diferentes técnicas e conhecimentos para produzir um filete de peixe, em áreas tão diversas, como cultura de células, biorreatores e impressão 3D”, explica Frederico Ferreira. Por isso, a equipa concorreu a um segundo projeto intitulado CleanFish. “É um projeto português financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e visa resolver os problemas que encontrámos na primeira fase, ao nível da maturação das células, algo em que temos vindo a trabalhar”. São três os objetivos técnicos principais: “ter células competentes, usar impressão em 3D para obter um produto estruturado e estudar o potencial uso de estímulo elétrico para obter um filete com a textura adequada”. Em parceria com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a equipa irá avaliar a qualidade do produto que está a fazer. “O IPMA tem um painel de provadores treinados que vai ajudar-nos nesta última fase.” Assim, serão avaliados o valor e a composição nutricional, garantida a segurança alimentar, e analisadas as propriedades sensoriais. A parceria é importante para perceber quais os benefícios que esta nova forma de produzir alimentos poderá ter em termos ambientais, quando comparada com os sistemas atuais de produção de alimentos. “Para isso é preciso fazer uma análise de ciclo de vida.” O projeto encontra-se a meio. “Precisamos de avançar ao nível dos vetores que referi para que, no final do projeto, possamos ter um protótipo que tenhamos o orgulho de mostrar à população portuguesa, que tão bem sabe apreciar peixe”, explica o professor. O QUE DIFERENCIA ESTE PROJETO? Para Diana Marques, este produto não será um substituto do que existe, mas pode vir a ser uma alternativa com vários benefícios ambientais. “Além das vantagens a nível ambiental, falamos de um produto que potencialmente tem muito menos emissões de gases de efeitos de estufa, consome menos água potável, menos terra fértil, ficando disponível para outros cultivos ou fins”, diz. Existe também um benefício ao nível da saúde, tendo em conta que estes alimentos não serão produzidos com qualquer tipo de metais pesados, antibióticos ou microplásticos. “Podemos personalizar este produto de modo a que tenha Foto: Gonçalo Gouveia / Instituto Superior Técnico
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