29 DOSSIER PROTEÍNAS ALTERNATIVAS E O FUTURO DA ALIMENTAÇÃO Por último, a aceitação do consumidor, a familiaridade e a confiança nos produtos “são essenciais para o sucesso comercial, exigindo esforços significativos de sensibilização e comunicação”. Para a secretária-geral da P-BIO, superar estes desafios exigirá “o esforço conjunto entre governos, indústria e investigadores para acelerar o desenvolvimento e adoção destas soluções”. Esta associação está comprometida em criar um ecossistema favorável ao desenvolvimento da bioeconomia em Portugal, “garantindo que as startups e as empresas do setor possam prosperar e contribuir para uma alimentação mais sustentável”. E de que forma o faz? Através do desenvolvimento de atividades de comunicação, para sensibilizar o público sobre os benefícios destas soluções e do mapeamento de oportunidades de financiamento. Mas também através de iniciativas que permitam aos membros da associação desenvolver a rede de contactos a nível nacional e internacional e da ligação a parceiros estratégicos através da criação de redes entre empresas, instituições de investigação e investidores para impulsionar o crescimento do setor. Filipa Sacadura refere ainda “o apoio regulatório e legislativo, através da participação em consultas públicas, apoio no esclarecimento sobre os processos de regulamentação e na obtenção de aprovações para novos produtos biotecnológicos”, mas também a promoção e internacionalização – com a divulgação e a representação do setor em eventos nacionais e internacionais – e a capacitação e formação. n QUE BENEFÍCIOS? • Economia circular – Os insetos enquanto nova fonte nutricional surgem não para substituir, mas para complementar as opções tradicionais de alimentação. “Oferecem uma solução sustentável e numa perspetiva de economia circular, aproveitando recursos naturais que, de outra forma, seriam perdidos ou seriam gastos para o seu tratamento”, diz Simão Lima. • Qualidade nutricional – “Além da sustentabilidade, os insetos têm vindo a evidenciar-se pela sua qualidade nutricional, sabor e características funcionais – são um ingrediente diferenciador que agrega valor às formulações alimentares”, acrescenta, destacando os estudos e ensaios que comprovam que o cumprimento de três requisitos importantes – Saúde, Sabor e Sustentabilidade – respeitando o facto de serem comprovadamente seguros para o consumidor • Reduzidas emissões de gases com efeito de estufa – José Gonçalves recorda o apelo da reintrodução dos insetos na alimentação ocidental, feito pela Food and Agriculture Organization (FAO), em 2013, com a publicação do paper Edible insects – Future prospects for food and feed security. Aqui enfatiza-se o facto dos insetos, como os grilos, serem alternativas saudáveis e nutritivas aos alimentos tradicionais, devido à sua elevada concentração de proteínas de alta qualidade, gorduras insaturadas benéficas, vitaminas essenciais como a B12, minerais como o ferro e o zinco, sendo também ricos em fibras que promovem a saúde intestinal.” • Personalização nutricional – Filipa Sacadura refere que a manipulação genética de microrganismos permite a produção de ingredientes específicos, abrindo caminho para a criação de novos produtos alimentares personalizados. Estas abordagens permitem ainda “reforçar nutricionalmente determinados alimentos ou produzir fontes alternativas de proteína”.
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