“Algumas algas marinhas são conhecidas por produzirem compostos que as protegem das condições dos locais onde se encontram, e mesmo de herbívoros que delas se alimentam. Esses mesmos compostos possuem propriedades que podem ser aplicadas em domínios diversos, como o desenvolvimento de fármacos ou cosméticos. Historicamente usadas como fertilizantes, agora, com o conhecimento que temos, podemos desenvolver soluções biotecnológicas para a utilização dos compostos que produzem na resolução de problemas críticos da agricultura, como algumas bactérias e fungos que causam graves perdas económicas e também promover a melhor qualidade dos frutos nos seus processos de conservação, promovendo produtos ainda mais seguros e de qualidade acrescida para o consumidor”, afirma Marco Lemos, professor do Politécnico de Leiria e investigador do Centro de Ciência do Mar e do Ambiente (MARE), e responsável científico pelo projeto.
O projeto ‘ORCHESTRA - add-value to ORCHards through thE full valoriSaTion of macRoalgAe’ visa valorizar a fileira hortofrutícola, que representa 14% do valor da produção agrícola da União Europeia, promovendo a substituição dos atuais pesticidas - apontados como fatores de risco para o meio ambiente e para a saúde pública, além de reduzir a qualidade nutricional das frutas - por produtos ecoeficientes, sustentáveis e socialmente responsáveis de origem marinha.
Copromovido com algumas parcerias internacionais, o ‘ORCHESTRA’ é financiado pelo COMPETE 2020 e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia em cerca de um milhão de euros.
“Outra particularidade das algas utilizadas neste projeto é o facto de serem invasoras. Estas algas invasoras afetam profundamente a biodiversidade e comunidades locais, sendo que ao usarmos as mesmas estaremos a controlar a sua quantidade no ambiente e os seus impactos negativos. Isto promove não só melhorias substanciais no mar, mas também nos campos agrícolas onde os compostos são aplicados. O objetivo é ser uma estratégia vencedora no mar e na terra. Depois destes compostos extraídos, a restante alga será também utilizada para outros setores, como a indústria alimentar ou cosmética, reforçando uma cada vez mais necessária economia circular e gerando valor para diversas fileiras”, destaca Marco Lemos.
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