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Informação profissional para a indústria alimentar portuguesa

Tecnologia fomenta evolução da rastreabilidade na indústria alimentar

Mafalda Monteiro22/01/2024
2024 poderá ficar marcado como o ano em que novas tecnologias integram o processo da rastreabilidade
A rastreabilidade é uma garantia de qualidade, de segurança e de origem do produto alimentar. Um processo bem definido permite acompanhar o trajeto de um produto desde a sua origem até à chegada às mãos do consumidor final. Há muito que a rastreabilidade deixou de ser apenas uma obrigação regulatória, tornando-se estratégica para muitas empresas. A iAlimentar sondou o mercado para saber quais são as tecnologias mais utilizadas e quais vão ser adotadas durante o corrente ano e num futuro mais ou menos próximo. O RFID está estabelecido, mas estão para chegar tecnologias de realidade aumentada, de inteligência artificial, mas também de blockchain ou de aprendizagem automática.
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A rastreabilidade na indústria agroalimentar é obrigatória, mas há muito que deixou de ser apenas uma obrigação legal, cujos dados eram tratados manualmente. A rastreabilidade é uma garantia de qualidade, de segurança e de origem do produto alimentar. Um processo bem definido permite acompanhar o trajeto de um produto desde a sua origem até à distribuição ao consumidor final. Este processo inclui o cumprimento das normas regulatórias e tem evoluído, tornando-se estratégico para as empresas, ao incorporar elementos que permitem a comparação e a diferenciação no mercado.

Mas, não deixa de ser uma exigência normativa, definida no regulamento (CE) n.º 178/2002, no qual são apresentados os princípios e normas gerais da legislação alimentar na União Europeia. Este regulamento estabelece procedimentos específicos para a rastreabilidade de produtos para alimentação humana, mas também de tudo o que tem que ver com a alimentação animal.

A rastreabilidade “tem evoluído de um sentido estritamente normativo, focado no cumprimento da lei, para outro mais aberto também à comparação e diferenciação entre operadoras pela forma como cumprem as normas”, explica Felicidade Ferreira, diretora de small & midmarket na unidade de negócio SMB & CPA, da Cegid em Portugal e Cabo Verde.

No passado, aplicavam-se sistemas manuais ou baseados em códigos de barras. Hoje, o processo é mais preciso e eficiente graças à adoção generalizada da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID) e de sistemas de gestão de dados mais avançados.

Felicidade Ferreira ilustra esta evolução com o exemplo de um frasco de mel. Para o rastrear, «a sua rotulagem deve incluir a denominação legal, o nome e endereço da empresa do setor alimentar, a quantidade líquida, a data de durabilidade mínima, o lote, o local de origem ou proveniência e o número de registo/marca de identificação. Se a maior parte destes elementos permitem seguir o rasto em caso de incumprimento ou defeito de fabrico, alguns, como a denominação legal (mel em favos, mel filtrado, mel centrifugado) ou o país de origem, permitem uma diferenciação perante o consumidor, bem como uma escolha baseada em critérios próprios”.

Rastreabilidade caminha para uma gestão avançada e sustentável

Foto: © Cegid
Foto: © Cegid

A rastreabilidade passou por uma transformação notável ao adotar sistemas baseados em tecnologias de informação e comunicações (TIC). 2024 poderá ficar marcado como o ano em que novas tecnologias integram o processo da rastreabilidade, dizem os fornecedores de soluções tecnológicas.

Atualmente, as tecnologias mais utilizadas assentam no código de barras, no RFID, no GPS e na Internet das Coisas (IoT), afirma Cláudio Marinho, gestor de projetos e dono de produto na Infos. O código de barras é praticamente universal e eficaz, utilizando códigos para identificar e armazenar informações sobre o produto. Com o RFID é possível rastrear em tempo real através de sensores que utilizam ondas de rádio para transmitir dados. Já o rastreamento por GPS permite localizar produtos ao longo da cadeia de abastecimento, enquanto a tecnologia mais recente, o IoT, começa a admitir a conexão de objetos à Internet, somada ao rastreamento em tempo real, a coleta de dados.

Foto: © Infos
Foto: © Infos
Para 2024, as tendências tecnológicas para a rastreabilidade incluem a generalização da IoT, a integração de tecnologias como RFID, os códigos de barras e códigos QR, blockchain e análises avançadas, como elenca Felicidade Ferreira, que explica que esta convergência tecnológica aumentará a precisão, a rapidez e a confiabilidade dos processos de rastreabilidade. As empresas passarão a ter uma visão abrangente e em tempo real da cadeia de abastecimento. Além disso, os sistemas de rastreabilidade deverão ser integrados com as plataformas de gestão empresarial – por exemplo planeamento de recursos empresariais (ERP) – para «otimizar a eficiência operacional, sincronizando a rastreabilidade com outros aspetos cruciais da gestão empresarial», continua a responsável da Cegid.

Dados independentes, citados por Diogo Cardoso, managing partner da Toshiba JaJa, destacam também a crescente adoção de tecnologias IoT, blockchain, e ainda a melhoria da inteligência artificial (IA) para análise de dados em tempo real.

Na prática, os algoritmos de aprendizagem automática (ML) irão identificar padrões e anomalias em grandes conjuntos de dados. O blockchain permitirá a partilha de dados de rastreabilidade com segurança e transparência e a IA abrirá portas à automatização de tarefas e a insights mais profundos, mediante algoritmos avançados.

De uma perspetiva mais abrangente, o Gartner apresentou tendências tecnológicas para a gestão da cadeia de abastecimento, nas quais aponta algumas tendências aplicáveis à rastreabilidade para o corrente ano. Começa pela hiper-automatização que tira partido de tecnologias como a IA, a ML ou a automatização de processos robóticos (RPA). Refere também o desenvolvimento da representação digital em tempo real da cadeia de abastecimento (Digital supply chain twin) que possibilita uma visão completa e atualizada das operações. Além disso, aponta para as tecnologias imersivas, como a realidade virtual (RV), aumentada (RA) e/ou mista (RM), que irão contribuir para a criação de experiências avançadas para os utilizadores, melhorando a interação e compreensão. A integração de tecnologias de IA, de Analítica ou de data intelligence permitirão o acesso a relatórios em tempo real e previsões relevantes, contribuindo para a capacidade de análise e interpretação e para a gestão mais eficaz da cadeia de abastecimento.

Finalmente, antecipa-se ainda uma maior ênfase na sustentabilidade, com soluções que integram práticas amigas do ambiente, refletindo uma abordagem mais consciente e responsável na gestão da cadeia de abastecimento, acrescenta Diogo Cardoso.

Oportunidades e desafios da rastreabilidade

Foto: © Toshiba JaJa
Foto: © Toshiba JaJa

A rastreabilidade contribui para a melhoria da segurança alimentar e da qualidade, ao permitir recolher produtos defeituosos rapidamente, protegendo deste modo a saúde dos consumidores. Além disso, rastrear produtos, em tempo real, evita atrasos e perdas, contribuindo para a eficiência operacional das empresas, explica Cláudio Marinho.

De um ponto de vista de oportunidades, a rastreabilidade tem vindo a ser potenciada pelo comércio eletrónico, devido à maior exigência dos consumidores, que querem saber mais sobre a origem e a qualidade dos produtos que pretendem comprar. A IoT e o blockchain podem ser a chave para tornar a rastreabilidade mais acessível e eficiente. Além disso, padrões globais de rastreabilidade possibilitam às empresas chegar com mais confiança a novos mercados internacionais.

Mas há também desvantagens e cuidados a ter. A rastreabilidade pode implicar custos significativos que podem desencorajar empresas de menor dimensão. A estes custos está associada a complexidade da integração e gestão das soluções em cadeias de abastecimento. Existe ainda um trabalho de sensibilização a fazer em determinados elos da cadeia de valor, mais resistentes à mudança, um aspeto destacado por Diogo Cardoso. Finalmente, é necessário melhorar a eficiência do processamento de dados, uma vez que a coleta massiva de dados pode sobrecarregar sistemas.

A cibersegurança não pode ser descurada, em particular quando a crescente interconexão digital abre portas aos ciberataques. Deve trabalhar-se para a padronização dos sistemas para evitar dificuldades de interoperabilidade entre parceiros. E é necessário ainda ter em conta o comportamento do consumidor: “uma implementação inadequada ou comunicação deficiente sobre a rastreabilidade pode gerar desconfiança ou resistência por parte dos consumidores”, diz Cláudio Marinho.

O que é a rastreabilidade?

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Em termos oficiais, a rastreabilidade é a “capacidade de detetar a origem e de seguir o rasto de um género alimentício, de um alimento para animais, de um animal produtor de géneros alimentícios ou de uma substância, destinados a ser incorporados em géneros alimentícios ou em alimentos para animais, ou com probabilidades de o ser, ao longo de todas as fases da produção, transformação e distribuição”, explica o regulamento n.º 178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de Janeiro de 2002.

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